Fumaça é proveniente das queimadas que atingem, sobretudo, a província canadense de Quebec; prefeito da cidade americana classificou a situação como 'muito insalubre'

A província canadense de Quebec se converteu no mais recente epicentro dos 250 incêndios que ainda atingem o país nesta quarta-feira, a maioria fora de controle. A fumaça das queimadas chegou aos Estados Unidos e deixou Nova York coberta por uma névoa cinza. A cidade americana chegou a ser classificada como a de pior qualidade do ar no mundo, de acordo com o IQAir World Air Quality Index, responsável pela medição.

O prefeito Eric Adams disse em um comunicado à imprensa na terça-feira que às 22h a qualidade do ar em partes de Nova York havia se tornado "muito insalubre", subindo para 218 no Índice de Qualidade do Ar da Agência de Proteção Ambiental.

A classificação da qualidade do ar na cidade então foi brevemente classificada como a pior de qualquer cidade do mundo.

A qualidade do ar da cidade geralmente ficou abaixo de 50 no índice nos últimos anos, na "categoria boa", e até melhorou durante o bloqueio causado pela pandemia em 2020, segundo o IQAir.

O nível de poluição estava compatível ao de megacidades enfumaçadas e congestionadas, como Jacarta ou Nova Délhi, de acordo com o The New York Times.

Nesta quarta-feira, a cidade voltou a acordar com um dia de céu nublado e grave poluição do ar causada pela fumaça que desceu dos incêndios florestais no Canadá na véspera.

O Serviço Nacional de Meteorologia alertou as pessoas para evitarem se exercitar ao ar livre, nesta quarta-feira. Os moradores da cidade também foram orientados a evitar dirigir carros, devido à menor visibilidade.

De acordo com o New York Times, o cenário cinzento e enfumaçado da cidade deve permanecer até sexta-feira, já que o padrão climático atual empurra a fumaça do incêndio no Canadá para o sul. No entanto, a intensidade da fumaça vai variar neste período.

Incêndios descontrolados no Canadá

A província canadense de Quebec é a mais afetada pelos incêndios. Na região de Abitibi-Temiscamingue, mais de 650 quilômetros ao norte de Montreal, os incêndios que atingiram as explorações mineradoras e florestais são "preocupantes", declarou o primeiro-ministro do Quebec, François Legault.

"Estamos experimentando uma situação nunca antes vista... em toda Quebec", advertiu François Bonnadel, ministro de Segurança Pública da província, ao apontar que um alto número desses incêndios são provocados por descuidos humanos.

"No oeste do Canadá costuma haver muitos incêndios florestais. Em Quebec, não", aponta. "Mas agora mesmo tudo está ardendo" em chamas.

Aproximadamente 4.400 evacuados puderam retornar às suas casas na cidade de Sept-Îles, graças às chuvas que ajudaram a deter o avanço das chamas.

"Estamos muito, muito felizes de ver chover", declarou Legault em coletiva de imprensa.

Porém, mais ao norte, há "um enorme incêndio que demorará semanas para se extinguir por completo, por isso devemos manter a cautela", acrescentou.

Nos últimos anos, o Canadá se viu afetado repetidamente por fenômenos meteorológicos extremos, cuja intensidade e frequência aumentaram devido ao aquecimento global.

Após os grandes incêndios registrados em maio no oeste do país, sobretudo nas províncias de Alberta e Saskatchewan, a luta contra o fogo se deslocou, nas últimas semanas, para a Nova Escócia, na Costa Atlântica, e Quebec.

Dezenas de incêndios seguem ocorrendo no o oeste do país: 62 em Alberta; 76 na Colúmbia Britânica, na parte ocidental, e 24 em Saskatchewan.

Quebec, por sua vez, registrou 424 incêndios florestais desde o degelo da primavera, mais do que o dobro da média anual da última década.


Fonte: O GLOBO