Além dos craques Jokic e Butler, final tem elementos como eficiência, altitude e banco de reservas em jogo

Nesta quinta-feira, Denver Nuggets e Miami Heat abrem a grande final da NBA na Ball Arena, em Denver, partindo de caminhos distintos. 

Enquanto o Heat seguiu trajetória heroica, se classificando aos playoffs na última vaga do play-in (repescagem) e precisou de 7 jogos para bater o Boston Celtics na final da Conferência Leste, os Nuggets vieram de melhor campanha da Conferência Oeste e deram poucas chances aos rivais no mata-mata, incluindo uma "varrida" de 4 a 0 no Los Angeles Lakers na final de conferência.

Mas isso não significa que será um jogo desequilibrado. Michael Malone, técnico dos Nuggets, pediu que esqueçam as colocações na temporada regular no que será "o maior desafio da vida". Já Erik Spoelstra, comandante do Heat, avisou que "ninguém está satisfeito" só com o título do Leste. Confira três pontos que cada time deve prestar atenção nesta decisão:

Denver Nuggets

Jimmy Butler: é imperativo ficar de olho num dos maiores jogadores de playoffs da história da liga. Quando Jimmy "Buckets" está em grande noite, é muito difícil parar o Heat. São 28,5 pontos por jogo na pós-temporada e um perfil de liderança que carrega a moral do time e descoordena defesas adversárias em infiltrações inteligentes. Os Celtics conseguiram segurar o jogador até certo ponto, com marcação reforçada. Mas nunca é tarefa fácil.

Frear a eficiência: o que faz do Heat um time perigoso é a eficiência de seus titulares e reservas na fase ofensiva. Entre os 11 titulares e reservas que entraram em pelo menos dez partidas nestes playoffs, 9 têm pelo menos 40% de aproveitamento de pontos em quadra. Nos arremessos de três pontos, têm o especialista Duncan Robinson, que apesar da fase ruim nas últimas partidas, segue com 44,6% de aproveitamento. Caleb Martin, destaque no jogo 7, tem 56,5% em pontos de quadra, sendo 43,8% em três pontos.

— No ataque, a equipe joga de uma forma muito coletiva, com arremessadores bons para complementar o jogo do Jimmy Butler. É uma série em que vamos ver muitas mudanças de estratégias — diz o comentarista da ESPN Guilherme Giovanonni.

Anular garrafão: os playoffs vêm sendo o cenário do ressurgimento de Bam Adebayo. O pivô vive grande fase e é importantíssimo na estrutura de defesa do Heat embaixo da cesta. São 9,2 rebotes e 2,8 tocos por partida, além de entregar 16,8 pontos. Além dos números, pesa a importância do primeiro passe do pivô para iniciar movimentos rápidos de transição após recuperar a bola.

Miami Heat

Nikola Jokic: Já é quase um consenso entre analistas da NBA que anular completamente Nikola Jokic é praticamente impossível. Se ficar solto no garrafão, agredirá a cesta. Se for atraído para fora dele, encontrará assistências primorosas, oportunidades de bloqueio para infiltração de seus companheiros de perímetro ou até mesmo arremessos longos. Cabe ao técnico Erik Spoelstra decidir a abordagem que fará — e os sacrifícios — na marcação ao sérvio. São impressionantes 29,9 pontos, 10,3 assistências e 13,3 rebotes por jogo do Joker.

— O Denver tem um jogador muito difícil de ser parado. O Jokic, se ficar no um contra um, vai fazer uma grande diferença. O Miami vai precisar estudar bastante pra entender qual tipo de defesa fazer num jogador com a qualidade dele. O ponto positivo pra eles é que o forte dessa equipe justamente a defesa — complementa Giovannoni, que ainda vê Denver como favorito em seis jogos.

Mando de quadra e altitude: A altitude não é um tema discutido de forma recorrente na NBA, mas é um fator complicador a ponto de ser citado em entrevistas coletivas. A Ball Arena está a 1.608m acima do nível do mar, o que exigirá uma adaptação de fôlego nos jogos que acontecerem no Colorado. Como não tem o mando de quadra da série, o Heat precisará disputar os jogos 1 e 2, bem como os 5 e 7 (caso necessários) na cidade.

— Nem quero falar sobre isso. Nossos jogadores estão em forma, prontos para competir. Se Denver quiser jogar no topo do Everest, nós vamos — despistou Spoelstra.

Aproveitar deficiências no banco: num time completo e muito funcional como os Nuggets, uma das grandes chances do Heat está em explorar os minutos de rotação da equipe de Michael Malone. Em especial aqueles que não tiverem Jokic em quadra — que joga 38,9 minutos por partida, em média, atrás apenas dos 39,1 de Jamal Murray. Jokic marcou 25,7% dos pontos de Denver nesses playoffs (449), além das 154 assistências que distribuiu em 15 jogos.


Fonte: O GLOBO