Miguel Rondelli se revoltou com atitude da torcida adversária e pediu para que a Conmebol tome medidas mais enérgicas

Após os casos de Vinicius Júnior na Espanha e de Ângelo, do Santos, no Chile, mais um episódio de racismo assombrou o futebol. Desta vez, na partida entre Huracán e Emelec, pela Sul-Americana, na última quinta-feira, o técnico Miguel Rondelli, do time equatoriano, reclamou das ações da torcida argentina depois de um gol anulado pela arbitragem.

— Quero repudiar, porque depois que marcamos o gol que foi anulado começamos a sofrer assédio da população do Huracán. Eles nos insultaram o jogo inteiro, eu não falo nada, não estou reclamando disso, faz parte. Mas chamar meus jogadores de escravos e negros de m... parece não fazer sentido — disse Miguel Rondelli, em entrevista coletiva.

O treinador do Emelec, inclusive, pediu que as autoridades e a Conmebol tomem medidas mais enérgicas para impedir outros casos de racismo no futebol. Só em 2023, a entidade já aplicou multas a três times diferentes por casos de discriminação direcionados a jogadores brasileiros, totalizando cerca de R$ 1.5 milhões em sanções.

— Estamos em um momento difícil, chamar uma pessoa de 'escravo' no século 21 não me parece mais, isso ficou para trás, vamos nos dedicar a assistir futebol. Acho que a Conmebol tem que tomar uma atitude sobre o assunto, não apenas anunciar pelos alto-falantes, mas sim as multas têm que ser severas e severas, porque senão isso vai acontecer de novo e teve pessoas da Conmebol lá que me disseram que iam denunciar — finalizou o treinador, que voltou a falar do jogo na entrevista.

Em maio de 2022, a Conmebol mudou o protocolo para casos de discriminação, que englobam "cor da pele, raça, sexo ou orientaçãoo sexual, etnia, idioma, crença ou origem". Assim, os clubes que forem condenados devem pagar uma multa de US$ 100 mil (cerca de R$ 500 mil, na cotação atual), um aumento de mais de três vezes em relação à multa anterior, que era de US$ 30 mil (R$ 150 mil). 

Em caso de reincidência, a nova regra também estabelece que a entidade pode determinar o fechamento dos portões de maneira total ou parcial para os jogos dos clubes que forem condenados, além de uma multa de US$ 400 mil (R$ 2 milhões).

Nem o Emelec, nem o Huracán se manifestaram publicamente após as denúncias feitas pelo treinador do time equatoriano.


Fonte: O GLOBO