Payo Cubas, líder da terceira maior força política do país, disse a seguidores para que deixassem as ruas após seu partido ter alegado fraude nas eleições e provocado tumultos

O ex-candidato presidencial Paraguayo Cubas, conhecido como "Bolsonaro paraguaio", pediu nesta terça-feira que seus apoiadores parassem de protestar nas ruas para evitar a repressão policial. 

Preso há duas semanas após afirmar que as eleições foram fraudadas, seus partidários fecharam as entradas do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE) há oito dias e entraram em confrontos com a polícia. Ele é acusado de perturbação da paz pública, resistência, ameaça, tentativa de coagir órgãos constitucionais e tentativa de impedir as eleições.

— Peço que abandonem essa atitude porque, sem dúvida, mais pessoas serão feridas do seu lado do que do outro — disse Cubas, que está sob custódia da polícia em Assunção, aos seus apoiadores do grupo antissistema Cruzada Nacional.

O apelo foi feito horas antes do anúncio de uma operação policial para esvaziar a Avenida Eusebio Ayala, a poucos metros do TSJE, onde os procedimentos eleitorais terminaram na segunda-feira. A polícia deu um prazo até esta terça-feira para a desobstrução da via pública ocupada pelos partidários do político e informou que estava confiando em conversas com os manifestantes para evitar a violência.

O comissário Cristian Lugo, vice-chefe da 7ª Delegacia de Polícia Metropolitana, disse à rádio Monumental que um grande número de manifestantes já havia começado a deixar a área ao redor do TSJE na terça-feira.

— Há vários grupos aqui (...) a Polícia Nacional não está disposta a reprimir, por isso tem negociado com cada grupo — disse ele.

O economista Santiago Peña, de 44 anos, membro do partido governista Colorado, venceu as eleições com 42,7% dos votos. Seu principal concorrente, Efraín Alegre, da oposição Concertación Nacional, obteve 27,4% e Cubas, 22,9%.

O juiz que proferiu a sentença, Paul López, ordenou que Cubas ficasse preso por 10 dias na chamada Agrupação Especializada da Polícia, localizada a 15 quarteirões do centro da capital paraguaia, e estabeleceu que após esse período [nesta quarta-feira] ele decidirá sobre sua transferência para uma penitenciária.

A defesa apelou da decisão do magistrado e novos desdobramentos são aguardados sobre o caso.


Fonte: O GLOBO