Presidente foi recebido por 16 generais quatro estrelas e pelo ministro da Defesa, José Múcio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) almoça nesta quarta-feira com o Alto Comando do Exército, no Quartel-General, em Brasília. O encontro acontece horas depois de uma operação da PF que prendeu o tenente-coronel Mauro Cid, braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro, próximo à caserna.

Cid foi preso durante uma operação para apurar a atuação de um grupo que teria inserido dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Na mesma ação, o ex-presidente foi alvo de busca e apreensão.

Lula tem tentado se aproximar dos militares para amenizar a crise entre o governo e as Forças Armadas ocorrida entre janeiro e fevereiro deflagrada, principalmente, em razão das invasões de 8 de janeiro.

Lula chegou a demonstrar insatisfação e desconfiança com a atuação de alguns militares do governo no evento, responsáveis, por exemplo, pela segurança do Palácio do Planalto, invadido e depredado pelos bolsonaristas.

Preso nesta quarta-feira, Cid foi um dos causadores da queda do ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda, demitido por Lula após os ataques golpistas de 8 de Janeiro. Arruda, além de ter sido criticado pela sua postura com os acampamentos antidemocráticos montados em frente ao QG do Exército, também resistiu a revogar a designação de Cid para comandar o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais.

Almoço

Nesta quarta-feira, Lula será recebido por 16 generais quatro estrelas, além do ministro da Defesa, José Múcio, e o comandante do Exército, Tomás de Paiva. Antes do almoço, ele fará a revista à tropa, cerimônia protocolar em eventos militares.

Entre os presentes estavam o chefe do Estado Maior, comandante Renato Rodrigues de Aguiar Freire, o comandante da Marinha, almirante Marco Sampaio Olsen, e o comandante da Aeronáutica, tenente brigadeiro do ar, Marcelo Kanitz.

Como mostrou a colunista do GLOBO Bela Megale, Lula pretende evitar assuntos espinhosos durante o encontro. Além de apresentar os projetos estratégicos para a Força e propostas de investimento na área de defesa, os generais de alta patente buscarão fazer um sinal claro de colaboração junto ao governo. O foco é demonstrar a Lula que os militares estão abertos a ajudar no que forem chamados.

Outras agendas

Em março, Lula almoçou com os almirantes do comando da Marinha e deu início à estratégia de aproximar o Palácio do Planalto da caserna após a crise de confiança estabelecida após as invasões golpistas de 8 de janeiro.

O almoço foi visto como mais um passo para a aproximação. O presidente ficou reunido com os militares da Força e José Múcio por cerca de três horas e ouviu pedidos de investimentos estratégicos, por exemplo, no programa de fragata e submarino e na pesquisa com enriquecimento de urânio.

Uma das estratégias definidas pelo governo é vencer resistência entre militares com a compra de equipamentos para as Forças Armadas. Lula e seus auxiliares têm como meta promover uma despolitização dos quarteis.


Fonte: O GLOBO