Polícia Federal já abriu inquérito para apurar o assassinato do agente indígena de saúde Ilson Xirixana, no mesmo local onde os oito corpos foram achados

As oito pessoas encontradas mortas na comunidade Uxiu, em território Yanomami, no estado de Roraima, foram alvo de um contra-ataque dos indígenas pelo assassinato do agente de saúde Ilson Xirixana, de 36 anos, no último sábado, na comunidade Uxiú, perto do rio Mucajaí, conforme apurou O GLOBO. 

Segundo relatos de fontes que pediram para não ser identificadas, os indígenas reagiram a uma tentativa de ataque por um grupo de invasores, em meio ao clima tenso durante o funeral de Xirixana. No ritual, os indígenas prometeram vingança. 

Peritos da PF que estiveram no local constataram que os mortos tinham flechas e tiros pelo corpo . O Comando de Operações Táticas (COT), grupo de elite da PF, deve chegar nesta quarta-feira ao local dos crimes.

Além do agente Xirixana, que morreu com um tiro na cabeça, outros dois foram baleados na comunidade. Imagens compartilhadas pelo presidente Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, mostram os feridos sendo resgatados e removidos ao Hospital Geral de Roraima (HGR).

Após ser atingido, Xirixana chegou a ser socorrido com vida e encaminhado a uma unidade de saúde dentro da Terra Indígena Yanomami, mas não resistiu e foi a óbito na manhã de domingo.

No mesmo dia, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que uma comitiva interministerial do governo federal estava a caminho de Roraima para reforçar a ações contra garimpeiros da Terra Yanomami, o maior território indígena do Brasil. Através do Twitter, Sonia Guajajara afirmou ainda que pediu ao Ministério da Justiça para que reforce na Polícia Federal investigação sobre o ataque na Terra Indígena Yanomami.

Na noite de domingo, quatro garimpeiros foram mortos durante um confronto com agentes da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama no território. Segundo informações da PRF, os agentes estavam desembarcando do helicóptero quando criminosos abriram fogo contra eles. Os policiais, então, teriam revidado e atingido quatro garimpeiros, que não resistiram aos ferimentos.

Passado o confronto, a PRF encontrou no local um arsenal de armas, com fuzil, três pistolas, sete espingardas e duas miras holográficas, além de munição e carregadores.

“[Eles] atiraram contra os agentes no intuito de repelir a atividade de repressão ao garimpo ilegal”, diz a nota publicada pela corporação. A ocorrência foi registada na delegacia da Polícia Federal em Boa Vista.

Em nota, a Polícia Federal afirmou que apura as circunstâncias das oito mortes e disse que, já nesta terça-feira, “foram realizadas perícias e levantamentos no local onde os corpos foram encontrados”.

A PF diz, também, que já dialogou com outras forças de Segurança Pública e Defesa envolvidas na Operação Libertação sobre a remoção dos corpos do local e sobre a “realização dos exames médico-legais para se descortinar as causas das mortes e coleta de outras informações que auxiliem na elucidação do ocorrido”.


Fonte: O GLOBO