Viagens do presidente sinalizam desejo do governo de reposicionar Brasil na cena internacional; Lula e Janja desembarcaram em Londres nesta sexta para coroação do rei Charles III

Em Londres para a coroação do rei Charles III, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou nos 125 dias iniciais de seu terceiro mandato a oito países que, juntos, respondem por quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) projetado para este ano — marca que é ultrapassada se o índice brasileiro também for levado em conta. 

A conta reflete a prioridade da política externa do petista, que busca reposicionar o país na cena multilateral após quatro anos de afastamento durante o governo de seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Desde 1º de janeiro, Lula visitou Argentina, Uruguai, Estados Unidos, China, Emirados Árabes Unidos, Portugal e Espanha, cujos PIBs somam US$ 52,35 trilhões — ou 49,59% do PIB mundial, que deve chegar a US$ 105,57 trilhões, segundo as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Se os US$ 2,08 trilhões projetados para o Brasil também forem contabilizados, o percentual pula para 51,55%.

PIB dos países visitados por Lula em 125 dias de governo
Desde que tomou posse, presidente viajou a oito países que juntos devem somar quase metade do PIB mundial em 2023
Fonte: Fundo Monetário Internacional
A primeira viagem internacional do petista foi em janeiro para a Argentina, onde se encontrou com o presidente Alberto Fernández e participou da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), buscando reconstruir a relação brasileira com o país vizinho, marcada por rusgas durante os anos bolsonaristas. 

Lula tentou também acenar para a região, também escanteada das prioridades na gestão anterior, tirando proveito de uma onda de governos de esquerda e centro-esquerda, da qual faz parte.

O país de Fernández, contudo, passa por uma gravíssima crise econômica, motivo que levou o amigo de longa data de Lula — o argentino chegou inclusive a visitá-lo enquanto estava preso na sede da Polícia Federal em Curitiba — a desistir de concorrer pela reeleição. O chefe da Casa Rosada esteve em Brasília nesta semana para uma reunião de quatro horas a portas fechadas com Lula, que terminou com promessas do governo brasileiro de fazer “de tudo” para ajudar o país vizinho.

Na volta de sua viagem a Buenos Aires, Lula fez uma breve escala em Montevidéu, onde se encontrou com o presidente Luis Lacalle Pou, que havia vindo a Brasília para a posse do petista.

No mês seguinte, Lula embarcou para três dias em Washington, com compromissos que incluíram um encontro com o presidente Joe Biden.

Ele deveria ter ido em março para a China, viagem que ocorreu entre os dias 11 e 16 deste mês devido a uma leve pneumonia. 

Em Pequim e Xangai, assinou 15 acordos e deu declarações vistas como antagônicas a Washington em um momento de forte rivalidade sino-americanas. Na volta, durante uma passagem por Abu Dhabi, o petista foi alvo de críticas americanas e europeias após equiparar as responsabilidades de Moscou e Kiev na invasão russa da Ucrânia.


Fonte: O GLOBO