Setor foi puxado pela produção de derivados de petróleo e conseguiu mais que compensar o recuo registrado em janeiro e fevereiro

Após duas quedas consecutivas, a produção industrial subiu 1,1% em março, mostrando uma recuperação pontual que deve dar lugar a uma estabilidade nos próximos meses, segundo economistas.

O setor foi puxado pela produção de derivados de petróleo e mais que compensou o recuo registrado entre janeiro e feveiro, de 0,5%. Mesmo assim, a indústria ainda está 1,3% abaixo do nível do pré-pandemia, em fevereiro de 2020.

Esse patamar ainda deprimido deve se manter nos próximos meses, segundo especialistas.

Na avaliação do economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, o setor enfrentará dificuldades por causa do patamar elevado da taxa básica de juros (Selic), condições mais exigentes de crédito e demanda externa menor.

Ele aponta que também há pontos positivos no cenário à frente, o que deve compensar uma parte dos desafios.

- No lado positivo, há transferêncais fiscais significativas para as famílias (como o programa Bolsa Família), crescimento da agricultura e salários reais em expansão, fatores que devem amortecer a desaceleração esperada da atividade - disse em relatório.

Na semana passada, grandes bancos revisaram para cima suas projeções para o PIB deste ano, após surpresas positivas de serviços e agropecuária.

Para o economista Gabriel Couto, do Santander, os sinais positivos da indústria vieram principalmente dos segmentos de bens de capital (máquinas e equipamentos), com alta de 6,3%, e bens duráveis, que avançaram 2,5%.

Apesar disso, há más notícias de bens de consumo, com queda de 1,2%, que foram influenciados principalmente pelos chamados bens não duráveis, como alimentos, remédios e cosméticos.

- No geral, foi um mês de recuperação da produção industrial, com uma interrupção positiva em março.


Fonte: O GLOBO