Vice-presidente encontra com Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) nesta terça-feira; governo tem sido alvo de críticas dos deputados pela aproximação com o movimento social

Três dias após comparecer à 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem encontro marcado com a bancada ruralista. Nesta terça-feira, Alckmin almoça com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O evento ocorre em meio à críticas dos deputados federais e senadores da bancada ao governo pela aproximação com o MST.

O vice-presidente da FPA, Evair Vieira De Melo, afirmou que, após a presença de integrantes no evento de sábado, o governo perdeu "a ponte com o agronegócio".

"Ao frequentar eventos e tirar fotos com líderes do movimento terrorista, MST, os membros do Governo Lula deixam bem claro de que lado estão. E não é ao lado dos produtores rurais e donos de propriedades privadas. É do lado do caos e das invasões de terra, que vêm aterrorizando todo o Brasil. Não tem mais diálogo! O governo arrancou a ponte com o agro", publicou o parlamentar.

No último sábado, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços esteve na feira do MST, onde tirou fotos com apoiadores e se reuniu com integrantes do movimento para discutir como a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) pode apoiar a agricultura familiar para aumentar a exportação e abrir mercado. O convite para o almoço com a bancada ruralista já tinha sido feito.

Lados opostos na CPI


A sucessão entre os eventos também ocorre em meio a articulação na Câmara dos Deputados pela CPI do MST, que deve ser instaurada nesta quarta-feira. A comissão é vista com preocupação pelo governo dado o seu potencial de virar um palanque para a oposição. Como mostrou o GLOBO, os partidos já indicaram 13 dos 27 titulares para a CPI, todos com atuação contrária ao Planalto e alinhados à bancada ruralista. Muitos, inclusive, já criticaram publicamente o MST.

No evento de sábado, o ministro Paulo Teixeira ironizou a criação da comissão, cara à bancada ruralista, e disse que os deputados vão encontrar "coisas gravíssimas" nela, como suco de uva produzido sem trabalho escravo.

— Vão encontrar coisas gravíssimas. Suco de uva feito sem trabalho escravo, arroz integral, milho, soja não transgênica — afirmou o ministro pouco antes de subir ao palco.

A fala sobre o suco de uva faz uma referência indireta ao resgate de mais de 200 trabalhadores em condições análogas à escravidão em vinícolas no Rio Grande do Sul. A empresa fornecia mão de obra para grandes produtores de vinhos do país.

Já Paulo Pimenta, chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), disse que a CPI vai ser um “tiro no pé” da oposição.

— A CPI vai ser uma grande oportunidade de o Brasil conhecer o MST. O MST vai sair dessa CPI mais respeitado, tendo mais visibilidade e sendo mais admirado —afirmou Pimenta.


Fonte: O GLOBO