País tem 9,1 milhões de desempregados, o que representa estabilidade em relação ao trimestre encerrado em janeiro. Contingente está próximo ao registrado há oito anos

O mercado de trabalho brasileiro apresentou sinais de estagnação em abril. Ainda assim, cravou a menor taxa para o período desde 2015. A taxa de desemprego ficou em 8,5% no trimestre encerrado em abril, o que significa que o país tem 9,1 milhões de desempregados em busca de uma oportunidade.

Este patamar remonta ao nível de 2015, quando o contingente de desocupados beirava 9 milhões. No trimestre recente encerrado em janeiro deste ano, que serve de base de comparação, a taxa era de 8,4%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e foram divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE.

A taxa de desemprego é a menor para o período desde 2015, quando ficou em 8,1%.
O número de pessoas ocupadas recuou 0,6% (o que representa uma retração de 605 mil), totalizando 98 milhões de brasileiros empregados, entre formais e informais.
A queda na população ocupada foi puxada pela retração nos serviços domésticos, além dos setores de agricultura e pecuária, comércio e reparação de veículos.

Emprego sem carteira e trabalho doméstico recuam

A pesquisa aponta ainda que o número de pessoas ocupadas, de 98 milhões, recuou 0,6% (ou menos 605 mil pessoas) na comparação com os resultados do trimestre terminado em janeiro. A retração foi puxada pelos serviços domésticos, além dos setores de agricultura e pecuária, comércio e reparação de veículos.

— Essa redução faz parte da tendência sazonal observada na série histórica. Quando se compara abril com janeiro, essa redução tem ocorrido, exceto pelo período da pandemia — lembra Alessandra Brito, analista da pesquisa.

O número de empregados sem carteira assinada no setor privado recuou 2,9%, enquanto o de trabalhadores domésticos diminuiu 3,2%. Os contingentes de empregados com carteira, de trabalhadores por conta própria e de empregados no setor público ficaram estáveis em abril.

População fora da força de trabalho avança

A população fora da força de trabalho – que são as pessoas que nem trabalham nem estão em busca de ocupação – teve um aumento de 1,3% na comparação trimestral.

Segundo Brito, este aumento parece ter a ver mais com questões demográficas que com reflexos do mercado de trabalho. Isso porque o contingente de desalentados ou da população na força de trabalho potencial, que fazem parte deste grupo, apresentou redução no trimestre.

Perspectivas

Economistas avaliam que o desempenho da atividade econômica acima do esperado no primeiro trimestre tende a conceder maior dinamismo para o mercado de trabalho.

No entanto, a perspectiva ainda é desaceleração da atividade em meio à manutenção das condições monetárias apertadas, o que deve fazer com que o mercado de trabalho ande de lado nos próximos meses.

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) do FGV IBRE, que tenta antecipar os rumos do mercado de trabalho no país caiu 1,4 ponto em abril, para 75,0 pontos, após dois meses seguidos de alta.

— Depois um ano muito favorável para o mercado de trabalho, 2023 deve ser um ano mais desafiador ditado pela desaceleração econômica global em curso, relacionada a uma política monetária restritiva e inflação — avaliou Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE, em comentário.


Fonte: O GLOBO