Ferramenta de IA, denominada SparkDesk, emprega prompts de reconhecimento de voz para pedir ao chatbot em chinês e inglês para avaliar as redações dos alunos e compor histórias hipotéticas

A empresa chinesa de reconhecimento de voz Iflytek entrou na corrida para criar uma rival para o ChatGPT, da OpenAI, ao revelar sua ferramenta SparkDesk em um evento na cidade oriental de Hefei, empregando prompts de reconhecimento de voz para pedir ao chatbot em chinês e inglês para avaliar as redações dos alunos e compor histórias hipotéticas sobre a participação do pensador e filósofo chinês Confúcio nas Olimpíadas de Pequim, realizada em 2008.

A demonstração ofereceu ao público a oportunidade de fazer perguntas. De acordo com o presidente da Iflytek, Liu Qingfeng, o objetivo da experiência é superar as capacidades da OpenAI em chinês e alcançar os padrões do ChatGPT em inglês:

- O impacto dessa tecnologia de IA generativa não é menos importante do que o nascimento do PC ou da internet - disse Liu no evento realizado neste sábado. - Precisamos fazer o possível para aprender com o ChatGPT, e até mesmo buscar superá-lo.

A Administração do Ciberespaço da China (CAC, na sigla em inglês), principal órgão regulador da Internet da China, publicou um projeto de diretrizes que exigiria uma revisão de segurança dos serviços de IA degenerativa antes que sejam autorizados a operar no país, medida que gera incerteza sobre bots como o ChatGPT. Enquanto os investidores inicialmente aplaudiram grandes anúncios de modelos de linguagem da Baidu e da SenseTime Group, tem havido um ceticismo crescente sobre os riscos da nova tecnologia.

Durante a reunião do Politburo da China no mês passado, as autoridades enfatizaram a necessidade de prestar atenção ao desenvolvimento da IA generativa, mas também de mitigar seus riscos.

Também houve preocupações sobre a capacidade de acesso de longo prazo das empresas chinesas para obter os chips de ponta necessários para modelos de linguagem em larga escala. A Iflytek foi impedida de comprar componentes dos EUA depois de ter sido adicionada à lista de empresas chinesas do Departamento de Comércio dos EUA em 2019 por seu suposto papel na vigilância de minorias em Xinjiang.

As empresas chinesas têm o obstáculo adicional de treinar serviços de chatbot para barrar informações confidenciais ou controversas que o Partido Comunista bloqueia na internet, bem como restrições a conjuntos de dados que podem ser usados para treinar modelos de IA.

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A Baidu, que lançou seu Ernie Bot em uma demonstração pré-gravada em março, ainda é considerada a principal concorrente na China. Empresas como Baidu e Alibaba disseram que integrarão IA em seu conjunto de produtos, semelhante à integração do ChatGPT no navegador da Microsoft, o Edge, e no Bard, do Google, em seus resultados de pesquisa.


Fonte: O GLOBO