Técnico cobra atitudes das entidades espanholas para não deixarem casos de racismo passarem impunes

O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, pediu às autoridades competentes nesta terça-feira que tomem "medidas drásticas" contra casos de racismo em estádios de futebol, dois dias após os insultos contra o atacante Vinícius Junior, em Valencia.

"Isso tem que parar. Acontece com a gente todo dia. Acontece com muitos outros, com o Vini, mas com outros. Chamam ele de filho da puta, bicha, desejam a morte de seu pai e sua mãe... Não é uma guerra, é um esporte. O momento é este, temos uma grande oportunidade de acabar com isso", disse Ancelotti na terça-feira, antes da partida do Real Madrid contra o Rayo Vallecano na quarta-feira (17h30, no horário local), na qual Vinicius está suspenso pelo cartão vermelho recebido no domingo.

"É um momento importante para tomar medidas drásticas. As instituições têm oportunidades, especialmente agora, para tomar medidas radicais sobre esta importante questão", insistiu o treinador italiano.

"Para mim, é um momento que tem que funcionar para todos. Queremos reverter essa situação, pessoal, está muito ruim para todos, gostamos de futebol, adoramos, esperamos que seja o mais limpo possível... Estamos esperando para ver o que acontece. Tomar medidas é a coisa mais normal para mim. Estou falando isso para a federação e LaLiga, e para a inteligência dos torcedores de futebol, e para a educação, acima de tudo, para a educação de cada um", ele explicou.

"Condenar não basta. Já começamos a condenar há muito tempo. Depois de condenar, tem que agir, e até agora nenhuma ação foi tomada. É um problema de racismo e também de ofensas. Há países onde não há ofensas. Na Inglaterra eles não insultam, porque já resolveram essa questão há muito tempo, em 1985, quando foram excluídos das competições europeias, e foi aí que resolveram esse o. Nos jogos da liga inglesa não tem polícia" disse ele, comparando a Espanha com a Inglaterra.

"Aqui, parece que vão para a guerra, você tem uma van na frente, na lateral, do outro lado, atrás... O que é isso? Na Inglaterra, essa questão já foi resolvida há muito tempo, tomando medidas drásticas, muito drásticas", denunciou "Carletto", que também atacou o "obsoleto" protocolo antirracista da Liga espanhola.

"Acho que o protocolo está obsoleto. O protocolo tinha que ser aplicado quando o ônibus chega ao estádio, porque é aí que os insultos começaram. Duas horas antes do jogo, e não foi um caso isolado. Um do Valência disse que foi um caso isolado. Claro, não eram 46.000 pessoas, mas não eram uma ou duas. O protocolo tem que começar por aí. Se você começar o protocolo no minuto 70, você está errado, tem que começar duas horas antes do jogo e depois durante a partida", afirmou.

Segundo Ancelotti, “a Espanha não é racista, também devo dizer isso, mas há racismo na Espanha, sim, como em outros lugares, e isso tem que acabar."

Por seu lado, Vinicius, que está "um pouco triste" segundo o seu treinador, não participou na do treino do Real Madrid nesta terça-feira, em Valdebebas, por sentir um "desconforto no joelho".

"Ele sofreu uma lesão, hoje não conseguiu treinar. Agora vamos ver a punição que ele vai ter, vamos avaliar dar folga ou não. Se forem dois jogos, vou dar-lhe uma semana de folga, e se for apenas um jogo, ele vai começar a treinar para estar pronto para a partida contra o Sevilla no sábado", explicou Ancelotti, que aguarda a decisão da comissão disciplinar da federação .


Fonte: O GLOBO