Empates sem gols no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil é dominado pelo rubro-negro, enquanto tricolor se defende bem com um a menos por quase todo segundo tempo

O encontro animado e sem gols entre Fluminense e Flamengo no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil foi uma gargalhada contra determinismos no futebol. O natural seria pensar que o tricolor campeão carioca sobre o rival exibisse novamente sua consistência e o elogiado trabalho de Fernando Diniz se impusesse mesmo repleto de desfalques. 

Do rubro-negro, que ainda não se encontrou na temporada, se esperava uma improvável imposição, a não ser pela pressão da torcida por uma resposta, em um clássico que tem uma nova hierarquia nos últimos anos, mesmo com o domínio do Flamengo em relação a títulos. O que se viu foi o estilo de Sampaoli dar os primeiros sinais contundentes.

A postura do Flamengo desde o começo do jogo surpreendeu. A intensidade inicial, com marcação sobre a saída de bola do Fluminense, parecia que teria prazo de validade, mas se estendeu por todo o primeiro tempo. 

Chamou atenção a forma como o quarteto formado por Gerson, Éverton Ribeiro, Arrascaeta e Gabigol mantiveram a pressão alta de forma coordenada e em momentos específicos, anulando a possibilidade de troca de passes do adversário, que tinha Ganso sobrecarregado. Tal mobilização levava a uma recuperação da bola e predomínio das ações com ela por parte da equipe rubro-negra, que teve as melhores chances, mas terminou o jogo pecando na pontaria, mesmo com um homem a mais após a expulsão de Felipe Melo no começo do segundo tempo.

As primeiras oportunidades foram em lançamentos de Arrascaeta e Santos que encontraram a subida de Wesley, mas o lateral falhou na conclusão duas vezes. Depois dos 15 minutos, o Fluminense teve um certo protagonismo, que durou pouco. 

O Flamengo pegou fôlego e reassumiu a postura, mesmo com os recentes casos de lesão, que também acometeram a equipe tricolor. Aos 20, Pulgar quebrou as linhas e acionou Gabigol em velocidade, mas o camisa 10 chutou cruzado e acertou a trave. No rebote Arrascaeta carimbou o travessão. O Fluminense só conseguiu finalizar aos 28, com Marcelo, mas o lateral sairia pouco depois, machucado.

As chances de criar ficaram mais escassas, e Arias teve uma oportunidade no fim da etapa final. Cano, seguia sumido. No começo da etapa final, a situação do Fluminense ficou ainda pior com a expulsão de Felipe Melo. Em nova arrancada de Gabigol, o zagueiro deu um pontapé para evitar que o atacante fosse em direção ao gol, e levou cartão vermelho após o lance ser revisado. 

Com um a mais por quase todo o segundo tempo, o Flamengo manteve o domínio e a pressão. E a aumentou com a entrada de Cebolinha no lugar de Thiago Maia. Fernando Diniz respondeu a Sampaoli com Manuel na zaga. Mesmo assim os espaços permaneceram. Arrascaeta perdeu outra boa chance, de cabeça.

O Fluminense recuou as linhas e passou a jogar por uma bola. Se defendeu como nunca, como se quisesse garantir apenas a sobrevivência até o jogo da volta. O Flamengo tentou liquidar a parada mas ainda não é a sua melhor versão. Até o jogo da volta no dia 1 de junho, talvez chegue lá. É difícil imaginar uma noite tão ruim do Fluminense como esta. E a indefinição e o equilíbrio se restabelecem no clássico, agora e mais do que nunca sem um favorito que se possa apontar antes de a bola rolar.


Fonte: O GLOBO