Polícia Civil de SP deflagrou segunda fase de operação que prendeu Anderson Lacerda Pereira, um dos traficantes mais procurados do país

Um advogado foi acusado pela polícia de orquestrar e executar um sequestro a mando de Anderson Lacerda Pereira, um dos traficantes mais procurados do Brasil e preso desde setembro do ano passado. O homem foi o principal alvo da segunda fase da Operação Pablo Escobar, deflagrada ao longo da última semana.

Agentes cumpriram nove mandados de busca e apreensão, inclusive na casa do advogado, identificado como Marco Antônio Pereira de Sousa Bento, segundo o "Estado de S. Paulo". Os policiais também prenderam um homem acusado de integrar a quadrilha. De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, o objetivo da ação era coibir os crimes de tráfico de drogas, associação criminosa, sequestro e tortura.

Foram apreendidos quatro veículos - entre eles, um Jaguar e um Minicooper - e uma réplica de arma de fogo, além de 11 celulares, um pendrive e um notebook. Os policiais também apreenderam documentos diversos e levaram todo o material para o 103º Departamento de Polícia.

As investigações apontaram que, sob o comando de Anderson Lacerda Pereira, o advogado orquestrou e executou o sequestro de um ex-funcionário de uma das clínicas em que o narcotraficante lavaria dinheiro. O ex-funcionário teria desviado verbas do local.

"Pegaram ele em Arujá e levaram para Santa Isabel. Em uma chácara de Bento, que inclusive foi alvo de busca, agridem a vítima, filmam e falam para ela confessar. E mandam [vídeos] para o Anderson", afirmou o delegado Luiz Romani, da 7ª Delegacia Seccional, ao "Estado de S. Paulo".

Um dos traficantes mais procurados do Brasil foi preso em 5 de setembro, em um restaurante em Poá, na região metropolitana de São Paulo. Anderson Lacerda Pereira, de 42 anos, tinha o nome na Interpol desde 2020.

O delegado Paulo Eduardo Rabello, do 103º Departamento de Polícia, responsável pela prisão, afirmou, na ocasião, que Pereira era um dos três maiores traficantes do Brasil e tinha patrimônio estimado em R$ 130 milhões.

— Com a mulher, ele tem 27 clínicas odontológicas usadas para lavar o dinheiro do tráfico. Apesar de nunca ter sido pego com um grama de droga na mão, era traficante internacional e fornecia até para Ndrangheta (máfia calabresa) — afirmou Rabello.

Segundo a polícia, Pereira aproveitou os conhecimentos de protético dentário do pai para abrir clínicas de odontologia e, mais tarde, médicas. As clínicas, de acordo com os investigadores, eram usadas também para atender integrantes da facção baleados em confrontos, uma forma de burlar a notificação obrigatória de casos como esses à polícia.

Embora nunca tenha sido batizado pela facção criminosa paulista ligada ao narcotráfico, Pereira é um de seus maiores colaboradores. Segundo Rebello, ele comprava drogas do narcotraficante Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, que já foi o maior fornecedor de armas e drogas da organização criminosa.

As investigações apontaram que ele foi um dos pioneiros na exportação de drogas da facção para Europa, inaugurando uma nova modalidade de venda, a de consórcio, em que traficantes dividem os custos do container para o envio.

Pereira, segundo os investigadores, era proprietário de mais de 20 casas num condomínio de luxo em Arujá. Uma das mansões, de cinco andares, tinha um túnel que levava para a rua. Ainda de acordo com as investigações, ele se inspirava em traficantes internacionais, como o mexicano Amado Carrilo Fuentes e o colombiano Pablo Escobar.


Fonte: O GLOBO