Novo esquema utilizado na Libertadores modificou panorama de alguns atletas

Um jogo é pouco para dizer que já se viu o Flamengo de Jorge Sampaoli, mas as primeiras mexidas do novo treinador na equipe indicam, ao menos, quem está em um viés de alta e pode se fortalecer ou ressurgir na equipe, e quem, por outro lado, volta para o fim da fila em função das escolhas ou da atuação.

O Flamengo venceu o Ñublense por 3 a 0 no Maracanã pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores, e teve uma apresentação com mais transpiração do que inspiração. A exceção foi Pedro, autor dos dois gols que selaram o resultado positivo.

O camisa nove é quem se estabelece logo de cara no novo trabalho. Sampaoli indicou que poderia acomodar Pedro e Gabi juntos, e assim o fez. O resultado individual foi favorável a Pedro e muito ruim para Gabigol, que não jogou bem e ainda saiu com dores nas costas.

Fato é que a dupla no esquema adotado tem papéis diferentes, e a concorrência não precisa ser exatamente pela vaga de centroavante. Gabi jogou com liberdade de movimentação mais à direita, enquanto Pedro também teve vários momentos de mobilidade, pela esquerda, e se saiu muito melhor.

Marinho joga na posição de origem e rende melhor

O ataque começou com um terceiro elemento que ressurge das cinzas. Marinho foi o escolhido para atuar como ala pela direita, e ao menos em sua posição conseguiu contribuir mais do que nas outras em que foi colocado por Vítor Pereira. Vale lembrar que o atacante jogou com Sampaoli no Santos.

Mesmo que não tenha tido muito brilho, Marinho deu duas assistências e teve disposição para cobrir o corredor defensivo. No fim, saiu para a entrada do jovem Wesley, que também foi muito bem, e teve ainda mais intensidade para fazer jogadas de fundo. Nesse contexto, Varela é quem vira a última opção no setor.

O uruguaio ainda não está 100% da lesão no púbis e mesmo assim atuou nas últimas partidas com o interino Mário Jorge e com Vítor Pereira. Na chegada de Sampaoli, foi preterido, já que não tem por característica atuar como ala, e sim mais por dentro, fechando a linha de quatro na zaga.

Do lado esquerdo, Ayrton Lucas é o lateral que ataca a profundidade, e na estreia de Sampaoli também foi bem na parte defensiva. Junto com Pedro, foi um dos destaques e segue firme como titular absoluto, sem dar brecha para Filipe Luis, que ainda se recupera de nova lesão muscular .

A zaga do Flamengo, que voltou à formação com três zagueiros, fez bom papel diante do fraco Ñublense. Sampaoli voltou com David Luiz e teve no zagueiro um construtor na saída de bola. Fabrício Bruno e Léo Pereira também foram orientados a todo momento a avançar ao ataque, e fizeram bom jogo defensivo.

Quem será o meia articulador?

Na proteção à defesa, Vidal atuou mais pela direita, mas faltou um apoio maior a Marinho. Defensivamente, foi pouco exigido, e não precisou dar mais do que tem em relação à intensidade. O chileno, homem de confiança de Sampaoli, começou com moral e deve seguir assim enquanto a parte física aguentar.

Ao seu lado, Thiago Maia roubou bolas importantes, como no lance do segundo gol de Pedro, e é hoje o volante com mais característica de marcação no elenco. Se não errar passes como vinha errando, dificilmente sairá do time.

O mesmo não se pode dizer de Gerson. Ao atuar mais adiantado, o meio-campo não foi tão efetivo na marcação como antes, mas também não conseguiu criar com qualidade. Errou poucos passes, é verdade, mas a maioria deles teve grau de dificuldade baixo. Nenhuma bola enfiada entre as linhas.

Quando entrou em campo, Éverton Ribeiro subiu o sarrafo nesse quesito. Em um esquema com dois volantes de marcação, a vaga de terceiro homem no esquema de Sampaoli ficará entre Ribeiro, Gerson e também Arrascaeta quando voltar de lesão. A questão física pode pesar a favor de Gerson.

Arrascaeta também pode disputar posição com Gabigol para jogar por trás do centroavante, nesse caso Pedro. O Flamengo partiu de um esquema em que Sampaoli prioriza jogo pelas pontas, mas precisará de articuladores para isso. É essa a lacuna após a estreia do técnico argentino.


Fonte: O GLOBO