Ministro negou que isto possa atrapalhar o apoio da bancada ruralista em causas tidas como fundamentais pelo governo, como o marco fiscal, a Reforma Tributária e as 12 Medidas Provisórias (MPs) pendentes

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), condenou a invasão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em um terreno da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, em Pernambuco. Padilha afirmou que "há outras formas de lutar" pela Reforma Agrária, mas negou que isto possa atrapalhar o apoio da bancada ruralista em causas tidas como fundamentais pelo governo, como o marco fiscal, a Reforma Tributária e as 12 Medidas Provisórias MPs) pendentes.

— Eu condeno veementemente qualquer ato que dafinifique áreas e processos produtivos. Não é a melhor forma de lutar para qualquer coisa. Temos outros instrumentos para as mais variadas lutas. É muito importante a agricultura familiar, viabilizar economicamente os assentamentos rurais que nós temos, melhorar a qualidade de vida nesses territórios, porque boa produção da agricultura familiar significa comida saudável na mesa do nosso povo — afirmou.

Padilha, entretanto, nega que a invasão possa dificultar a aprovação de pautas caras ao governo.

— Acho que não tem qualquer relação entre uma coisa e outra, mas reforço que nós temos outros instrumentos melhores e mais efetivos, inclusive para as bandeiras que possam ser levantadas, para a conquista desses interesses. Agora não sinto qualquer interferência disso ou qualquer outro movimento aqui no ambiente do Congresso Nacional. Inclusive, aquilo que é prioritário pro governo, que é a aprovação do marco fiscal, da reforma tributária e do conteúdo das 12 medidas provisórias, não vejo qualquer tipo de interferência, inclusive tenho visto um ambiente muito positivo para que a gente possa garantir a aprovação até o final desse primeiro semestre — completou.

Pela manhã, a Embrapa repudiou a invasão. Segundo nota divulgada pelo órgão, a ação "atingiu áreas de preservação da Caatinga, comprometendo a vida de animais ameaçados de extinção". A postura crítica é um aceno do governo ao movimento ruralista, que vem criticando a falta de um posicionamento de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a escala de invasões promovidas pelo MST, chamada de "abril vermelho".

Na texto publicado em seu site, a Embrapa Semiárido afirma que as terras são produtivas e que tomará as "medidas cabíveis para solucionar a situação". O posicionamento da empresa é de que as terras são patrimônio do governo brasileiro, produtivas e destinadas ao uso exclusivo da Embrapa Semiárido para o desenvolvimento de pesquisas e geração de tecnologias voltadas à melhoria da qualidade de vida de populações rurais.

"Neste momento, a invasão à área da Embrapa já está trazendo danos à condução de seus trabalhos e ao planejamento da execução de projetos e ações de pesquisa, que incluem parceiros com quem temos estabelecido avanços de cooperação que repercutirão em resultados de alto potencial de adoção junto aos produtores do Semiárido", afirma o texto.

Desde o início do mês, o MST já ocupou nove fazendas em Pernambuco, incluindo o terreno da Embrapa. As ações no estado causaram apreensão na governadora Raquel Lyra (PSDB), que se reuniu com um grupo de representantes do MST, na noite desta segunda-feira, no Palácio do Campo das Princesas.


Fonte: O GLOBO