Empresário chegou a ser condenado a 28 anos de prisão após fraude no banco, mas conseguiu ficar em liberdade

Morreu neste domingo aos 87 anos, no Rio de Janeiro, o ex-banqueiro Marcos Magalhães Pinto. Ele assumiu a presidência do Banco Nacional no fim dos anos 1970, quando seu pai, José de Magalhães Pinto, deixou a instituição financeira que fundou em 1944.

A notícia foi revelada primeiro no blog do colunista do GLOBO Ancelmo Gois.

José de Magalhães Pinto (1909-1996) fez carreira política pela UDN, partido de viés conservador, tendo sido deputado federal por Minas Gerais. Em 1960, derrotou Tancredo Neves na eleição pelo governo de Minas Gerais. Quatro anos depois, apoiou o golpe militar contra João Goulart e, no governo Costa e Silva, foi chanceler. Assinou o Ato Constitucional nº 5, marco da repressão. Nos anos 1970, foi senador e deputado pela Arena, o partido do regime.

Marcos acabou respondendo por anos a processos judiciais decorrentes da crise financeira do Banco Nacional, iniciada em 1986 e que culminou com a quebra da instituição financeira em 1995 em meio a um escândalo considerado, à época, como o maior caso de fraude bancária do país.

O Banco Central decretou intervenção no Nacional, após o rombo nas contas do banco ter alcançado US$ 9,2 bilhões, em novembro de 1995. O prejuízo resultou de um esquema que maquiava balanços e utilizava mais de 600 contas fantasmas para fazer empréstimos fictícios e simular boa saúde financeira.

O Nacional recebeu recursos do Programa de Reestruturação do Sistema Financeiro (Proer), criado duas semanas antes da intervenção pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. A irmã de Magalhães Pinto era nora do então presidente.

O banco acabou dividido em dois. E a parte saudável da companhia foi adquirida, em 1996, pelo Unibanco, que contou com um empréstimo de R$ 7,2 bilhões do BC para fechar a operação.

De outro lado, o Nacional ganhou fama também por ter patrocinado a carreira de Ayrton Senna entre 1984 e até a morte do tricampeão mundial de Fórmula 1, em 1994. O piloto era garoto-propaganda da instituição.

Em 1996, a Procuradoria da República no Rio de Janeiro pediu a decretação da prisão preventiva de Marcos Magalhães Pinto e mais dois dirigentes do banco, além de denunciar 33 ex-executivos da instituição financeira por crimes como gestão fraudulenta, formação de quadrilha e gestão temerária.

Marcos foi condenado a 28 anos e 10 meses de prisão em janeiro de 2002 por crimes contra o sistema financeiro. À época, o juiz Marcos Moliari também determinou o pagamento de R$ 10,76 milhões de multa. Na ocasião, o banqueiro não chegou a ficar 24 horas preso porque conseguiu o direito de aguardar em liberdade o julgamento de recursos à sentença.

Em setembro de 2013, quase 18 anos após o Banco Central ter declarado intervenção no Nacional, Marcos foi preso novamente, mas conseguiu habeas corpus em seguida.


Fonte: O GLOBO