Em texto de 2018, secretário-executivo do Ministério da Justiça afirmou que o então comandante do Exército sempre respeitou a Constituição

Escalado para chefiar de forma interina o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, já escreveu um artigo repleto de elogios ao general Eduardo Villas Bôas. No texto publicado em sua coluna no blog Disparada, em novembro de 2018, ele elogia uma entrevista dada pelo então comandante do Exército e o descreve como "um brasileiro com B maiúsculo ciente de seus deveres e suas responsabilidades".

"Os posicionamentos dele (Villas Bôas) sempre foram no limite. O Brasil esteve sempre no limite nos últimos anos. Os radicalóides irresponsáveis que o atacam ignoram que agiu sempre para segurar a ala radical no limite da Constituição", diz o Capelli num trecho do texto.

Naquele mesmo ano, em abril de 2018, Villas Bôas havia usado o Twitter para publicar uma mensagem às vésperas de um julgamento da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva no o Supremo Tribunal Federal (STF), cobrando respostas contra à impunidade. A mensagem foi vista pela Corte como uma tentativa de intimidação e encarada por petistas como "golpista".

No mesmo artigo, Capelli faz crítica à "esquerda irresponsável" que, ao atacar o ex-comandante do Exército, estaria fazendo "coro com a ala radical dos militares apostando na desestabilização do país". Ele também conta no texto que havia se encontrado com Villas Bôas.

"Tive a oportunidade de conhecer o General. Não temos afinidades ideológicas, mas é incontestável seu preparo intelectual e seu respeito à Constituição", escreveu.

Capelli assume o GSI em meio à crise no órgão provocada pela divulgação de imagens dos ataques do dia 8 de janeiro, em que golpistas aparecem circulando no Palácio do Planalto sob os olhares de integrantes da pasta e do ex-titular, general Gonçalves Dias, que pediu demissão.

O órgão é encarado como um problema pelo governo Lula desde início do mandato, por ser visto como um reduto de militares bolsonaristas remanescentes da gestão anterior.


Fonte: O GLOBO