Em Portugal, Lula amenizou o tom adotado na viagem à China e disse que entende europeus, que fornecem armas aos ucranianos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesse sábado que vá pessoalmente à Kiev e que tenha igualado Rússia e Ucrânia em comentários sobre a responsabilidade dos dois países na guerra. 

As declarações, feitas durante a visita a Portugal, vem menos de uma semana depois de Lula dizer, em Dubai, que a "decisão da guerra foi tomada por dois países" e de criticar, dias antes, na China, o o envio de armas aos ucranianos pelos Estados Unidos e por países europeus – o que provocou uma resposta crítica da Casa Branca e da União Europeia.

Nesse sábado, o presidente brasileiro amenizou as falas sobre o conflito, após ter determinado o envio do ex-Chanceler Celso Amorim, em data ainda a ser marcada, a Kiev. Celso Amorim esteve na Rússia, no início do mês, para um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin.

– Eu não fui à Rússia nem à Ucrânia, só vou quando tiver um clima de construção de paz. Nunca igualei os dois países. Todos achamos que a Rússia errou e já falamos isso. Mas precisamos agora que pare a guerra. Ao invés de ficar escolhendo lado, quero escolher uma terceira via – disse Lula.

Questionado sobre sua fala de que europeus e americanos contribuem para a continuidade da guerra ao fornecer armas para a Ucrânia, dita semana passada em Pequim, Lula afirmou que entende os europeus, mas que o papel do Brasil é outro: tentar negociar a paz:

– Eu, sinceramente, compreendo o papel da Europa. Eu tive com o presidente da Romênia e ele ele tem 600 quilômetros de fronteira com a Ucrânia. Então, compreendo o papel dele tranquilamente. Mas eu quero que as pessoas compreendam o papel do Brasil – afirmou.

Lula condena invasão da Ucrânia pela Rússia

Depois das polêmicas declarações, na semana passada, Lula condenou a invasão do território ucraniano, nesse sábado.

– Meu governo condena a violação territorial da Ucrânia, defendendo ao mesmo tempo uma decisão política e negociada para o conflito, criando um grupo de países para sentar à mesa com Rússia e Ucrânia para debater a paz – disse o presidente.

Já o presidente Marcelo Rebelo de Sousa lembrou do compromisso de Portugal com as políticas da Otan e União Europeia em relação à invasão russa e declarou que o Brasil entende a posição "diferente" do governo português, que defende que qualquer negociação de paz precisa supor "previamente" o direito da Ucrânia de se defender da agressão russa:

– Portugal é aliado da UE, da Otan, definiu apoio da Ucrânia. A posição do Brasil é a que o presidente Lula defendeu. (...) Portugal pensa que não é uma situação justa não permitir que a Ucrânia possa se defender e recuperar território que foi perdido devido à violação territorial – disse Rebelo.

Ao defender uma saída negociada para o conflito na Ucrânia, mediada por um grupo de países neutros, o presidente Lula afirmou que nem russos nem ucranianos querem parar a guerra.

– É melhor encontrar saída em torno de uma mesa, do que tentar encontrar saída no campo de batalha – disse Lula.


Fonte: O GLOBO