Segundo decisão, comandante do sistema de defesa disparou os mísseis contrariando 'ordens do posto de comando'

Dez militares iranianos foram condenados entre um e dez anos de prisão pela derrubada de um avião Boeing ucraniano em janeiro de 2020, que resultou na morte de seus 176 ocupantes. A decisão foi noticiada neste domingo pela agência de notícias da autoridade judicial iraniana, Mizan Online.

O primeiro acusado, um comandante do sistema de defesa do Irã Tor M-1, foi condenado à pena de uma década por ignorar as ordens de seus superiores e abater a aeronave. Outros nove militares foram sentenciados a penas entre um e três anos de prisão, disse a agência.

A sentença recebida pelo comandante é "a pena máxima, levando-se em conta o alcance dos efeitos e as consequências de seu ato", segundo a Mizan Online, que não divulgou a identidade dos dez militares.

O comandante do sistema de defesa "disparou dois mísseis contra o voo ucraniano PS752, contrariamente às ordens do posto de comando", acrescentou. A derrubada aconteceu há três anos perto de Teerã, capital iraniana.

Na época, o voo, da Ukraine International Airlines, foi abatido pouco depois da decolagem em Teerã, no dia 8 de janeiro. Três dias depois, as forças armadas iranianas admitiram que a derrubada do avião, com destino a Kiev, capital da Ucrânia, foi feita "por engano".

As 176 pessoas a bordo da aeronave eram em sua maioria iranianos e canadenses, muitos deles com dupla nacionalidade. Onze ucranianos também morreram na tragédia. Em novembro de 2021, a autoridade judicial do Irã anunciou o início do julgamento.

Os dez militares condenados podem recorrer à decisão. Em uma reação publicada no Twitter, a associação de vítimas afirmou que "não reconhece os tribunais do regime islâmico como tribunais legítimos". "Exigimos que um tribunal internacional imparcial julgue este crime. Aspiramos à celebração de processos justos em um Irã livre", escreveu.

A justiça iraniana informou que "103 pessoas haviam apresentado denúncia ao Ministério Público", pedindo uma "investigação imparcial (...) para identificar e perseguir os responsáveis" pela tragédia.

A derrubada do Boeing, no qual viajavam vários estudantes, causou indignação no Irã e em particular entre os jovens universitários. No começo de 2022, o país disse ter começado a indenizar algumas famílias das vítimas, pagando a cada uma "uma quantia de 150 mil dólares" (aproximadamente R$ 795 mil em valores da época). As autoridades prometeram indenizar as outras famílias também.

Em dezembro do mesmo ano, um grupo de quatro países, liderados pelo Canadá, anunciaram ter pedido que Teerã se submetesse a uma arbitragem vinculante, para que as autoridades da República Islâmica prestassem contas pela derrubada do avião.


Fonte: O GLOBO