O texto é assinado pelos líderes do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e no Senado, Efraim Filho (PB)

As bancadas do União Brasil no Congresso reagiram às declarações da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), que defendeu a saída temporária do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, depois que vieram à tonas denúncias de que ele usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para acompanhar um leilão de cavalos em São Paulo e recebeu diárias pela viagem. 

O texto é assinado pelos líderes do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e no Senado, Efraim Filho (PB).

O União comanda três ministérios na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além das Comunicações, o partido indicou Daniella Carneiro para o Turismo e Waldez Góes para a Integração Nacional. 

Embora faça parte da base aliada, a sigla ainda não entregou a adesão ao governo esperada pelo Palácio do Planalto. Parlamentares do União assinaram, por exemplo, o pedido de instalação da CPMI para investigar os atos golpistas do dia 8 de janeiro, contrariando o PT.

Em nota, o partido repudiou as declarações de Gleisi. “Lamentamos que Gleisi utilize dois pesos e duas medidas para tratar de assuntos inerentes à vida pública. Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos”, diz a nota, que termina frisando que o direito de defesa e presunção de inocência valem tanto para Gleisi quanto para Juscelino Filho.

A situação do ministro do União se deteriorou após a publicação de uma série de reportagens do "Estado de S. Paulo".

Juscelino Filho utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar a São Paulo, onde participou de leilões de cavalo — ele também recebeu diárias relativas ao período, embora só tenha cumprido duas horas de agendas relativas ao cargo no estado. Juscelino também foi beneficiado de obra de asfaltamento, financiada pelo orçamento secreto, para pavimentar estrada que dá acesso a uma propriedade sua no Maranhão.

O ministro vai se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira, para prestar esclarecimentos sobre o desvio de conduta. Ao GLOBO, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pregou cautela e lembrou que já houve casos "injustos" de pré-julgamento, inclusive com integrantes do Partido dos Trabalhadores.

— Como disse o presidente Lula, todos os ministros e ministras, independentemente do partido, têm direito a presunção de inocência. O que se espera de todos eles é que tenha espaço para sua defesa. E tenho certeza que o farão, sem pré-julgamentos. Já vi muita gente ser afastada por pré-julgamentos injustos, inclusive companheiros do PT — disse Padilha ao GLOBO.


Fonte: O GLOBO