Partidos de Lula e Bolsonaro medem forças nos bastidores em torno de cadeiras estratégicas

A distribuição das 30 comissões temáticas da Câmara será selada nesta quarta-feira durante reunião do colégio de líderes. O PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, de Jair Bolsonaro, medem forças nos bastidores em torno do controle de algumas das cadeiras mais importantes da Casa.

Em um encontro realizado nesta terça-feira, ficou acertado que o PL ficará com a Comissão de Fiscalização e Controle. Agora, legendas da base tentam evitar que ela seja presidida pela deputada Bia Kicis (DF), aliada de primeira hora de Bolsonaro, e articulam para que a sigla indique um deputado de perfil mais equilibrado.

Com a atribuição de acompanhar as movimentações contábeis e patrimoniais da União, o colegiado tem o poder de criar problemas ao governo com frequência. Por isso, o líder do PT na Câmara, o deputado Zeca Dirceu (PR), diz que batalhará para tirar Bia Kicis do páreo.

— Farei um apelo na reunião dos líderes para que nenhum louco extremista assuma qualquer comissão. Esta Casa precisa de diálogo e equilíbrio — justificou.

Em outra frente de negociações, o líder do PL, Altineu Côrtes (RJ), tenta construir consenso para que seu partido transforme Luiz Carlos Motta (SP) no relator do Orçamento. Dono da maior bancada da Câmara, o partido tem direito a seis indicações, de acordo com as regras de proporcionalidade, e comandará também as disputadas comissões de Saúde e Segurança Pública.

No extremo oposto, O PT abriu mão do colegiado de Educação e dá como certo que ficará com a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa. Ela deverá ser comandada pelo ex-presidente do partido, deputado Rui Falcão (SP). 

O PT também controlará as comissões de Cultura e Trabalho. Os correligionários de Lula ainda disputam o colegiado de Finanças e Tributação com o União Brasil, que, pelo acordo alinhavado, ocupará a cadeira principal de Minas e Energia.

Os dois partidos integram o bloco que apoiou a reeleição de Lira. Como tem a maior bancada, o PL tinha o direito de fazer a primeira escolha e queria a CCJ, mas o PT não abria mão dessa comissão, por onde passam praticamente todos os projetos em andamento na Casa. 

As duas siglas acabaram chegando a um entendimento, e o partido de Bolsonaro optou pela relatoria do Orçamento, de olho em verbas para redutos eleitorais em 2024, ano de eleições municipais. Até o momento, entretanto, o destino desta relatoria é incerto.

O PSD assegurou a Comissão de Viações e Transportes, que ficará sob a batuta de Cezinha de Madureira (SP), mas ainda batalha pela Comissão de Comunicações. Caso não consiga esta pedida, o partido espera ficar com a Ciência e Tecnologia. Em qualquer hipótese, o posto de líder da segunda comissão do PSD será ocupado por Luisa Canziani (PR).


Fonte: O GLOBO