'Principalmente vocês, mulheres', acrescentou o ex-presidente após jantar com o herdeiro da Arábia Saudita, em 2019; ele voltou ao Brasil com Rolex de diamantes e caneta Chopard com pedras preciosas

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu uma terceira caixa de joias durante viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2019. Na ocasião, o ex-mandatário participou de um almoço oferecido pelo rei saudita Salman Bin Abdulaziz Al Saud. Após o encontro, Bolsonaro afirmou aos jornalistas que cobriam o evento que "todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe. Especialmente vocês mulheres". Ele se referia ao herdeiro Mohammed bin Salman, governante de fato da monarquia do Golfo Pérsico.

— Temos uma reunião de negócios hoje à tarde. Todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe. Especialmente vocês mulheres, né? — disse o presidente dirigindo-se às jornalistas que cobrem a visita. — Tenho uma certa afinidade com o príncipe. Em especial depois do encontro em Osaka — completou Bolsonaro, referindo-se à reunião dos dois na última cúpula do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), em junho daquele ano, no Japão.

Durante esta viagem, Bolsonaro ganhou um conjunto de joias avaliado em cerca de R$ 500 mil. A existência da caixa com itens de luxo foi divulgado nesta terça-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo. Entre as peças estão um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes; ma caneta da marca Chopard prateada, com pedras encrustadas; um par de abotoaduras em ouro branco ornada com um brilhante no centro e rodeado por diamantes; um anel em ouro branco com diamantes com corte longo e retangular, chamado no exterior de "baguette"; uma "masbaha" (um tipo de rosário árabe) de ouro branco com pingentes cravejados em brilhantes.

O ex-mandatário levou consigo a caixa com itens de luxo no fim do ano passado, quando deixou o cargo, e as incorporou em seu acervo pessoal.

As peças teriam sido entregues em mãos para Bolsonaro. O ex-presidente, de acordo com o jornal, foi presentado durante viagem oficial a Riade, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019. Na ocasião, Bolsonaro participou de um almoço oferecido pelo rei saudita Salma Bin Abdulaziz Al Saud.

Bolsonaro teria voltado com o conjunto de joias para o Brasil. No dia 8 de novembro de 2019, o Gabinete Ajunto de Documentação Histórica da Presidência incorporou os itens a seu acervo privado, por ordem do ex-presidente.

De acordo com o jornal, os itens do que compõem a caixa de joias foram especificados, um a um, no formulário de encaminhamento de presentes para o presidente. Nele há um campo para incluir a informação se "houve intermediário no trâmite". A resposta que consta no documento é "não".


Fonte: O GLOBO