Mulher que estava havia 175 horas sob os escombros na província turca de Hatay foi resgatada nesta segunda-feira, mais de uma semana depois do tremor devastador

O devastador terremoto que atingiu a Turquia e a Síria há uma semana já deixou mais de 36 mil mortos nos dois países, de acordo com um novo balanço divulgado pelas autoridades. Com o passar das horas, as chances de encontrar sobreviventes nos destroços das áreas afetadas pelo sismo são cada vez menores. 

Mas uma mulher que estava havia 175 horas sob os escombros na província turca de Hatay foi resgatada nesta segunda-feira, mais de uma semana depois do tremor devastador.

Este é um dos tremores mais potentes a atingir a região em décadas e já integra a lista dos terremotos mais mortais do século XXI. Em necrotérios improvisados no sul da Turquia, em estacionamentos, estádios, ou ginásios, onde carros funerários vêm e vão sem parar, famílias desesperadas procuram parentes mortos na tragédia.

— Se o corpo permanece anônimo, coletamos impressões digitais e uma amostra da arcada dentária — explica um investigador especializado em cenas de crime, de uniforme de proteção antibacteriológica, que não quis se identificar.

Em um cemitério improvisado, placas com os nomes das vítimas, escritos à mão, são colocadas em cada sepultura selada às pressas, às vezes envoltas em um lenço, para que as famílias possam encontrar seus mortos. Corpos não identificados são mantidos separados.

Os investigadores coletam amostras de DNA, tiram fotografias e fazem anotações de cada um deles. Yusuf Sekman, representante da Direção de Assuntos Religiosos, detalha que os corpos não identificados são arrumados de acordo com o prédio desabado, onde foram descobertos.

— Dessa forma, os familiares também podem localizá-los com base no endereço do falecido — enfatiza Sekman.

O ministro da Saúde, Fahrettin Koca, disse esperar que todos os corpos sejam identificados.

"Colocamos as fotos dos falecidos em um programa especial" para que seus entes queridos possam encontrá-los, relata. Espero que possamos identificar a maioria deles", diz ele.

As autoridades prometeram que todos seriam identificados e devolvidos aos seus familiares.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que já liberou US$ 16 milhões (R$ 83 milhões) do seu fundo de emergência para a tragédia, cerca de 15 hospitais na Turquia sofreram danos parciais ou graves com os tremores, o que dificulta o atendimento aos feridos. 

Entre 4 mil e 6 mil edifícios desabaram em decorrência do sismo. Já na Síria, a OMS afirma que 20 instalações sanitárias foram danificadas, entre elas quatro hospitais.

Com a devastação e a fuga de moradores, grupos de saqueadores têm aproveitado para quebrar vitrines, derrubar grades que protegiam algumas lojas e roubá-las nas cidades atingidas pelos tremores, o que levou comerciantes e policiais a montar guarda e ficar prontos para reagir a qualquer suspeita. 

Segundo os serviços de segurança da Turquia, pelo menos 48 pessoas foram presas por saques em oito províncias atingidas pelo terremoto. Entre elas, 42 na província de Hatay, onde fica Antakya.

Resgates seguem

Além da mulher resgatada nesta segunda-feira, uma criança e uma mulher de 62 anos foram resgatadas quase sete dias depois de ficarem sob os escombros de imóveis que desabaram no terremoto devastador de 6 de fevereiro.

Mustafa, de sete anos, foi resgatado na província turca de Hatay, enquanto Nafize Yilmaz foi encontrada com vida em Nurdagi, também em Hatay, informou nesta segunda-feira a agência estatal de notícias Anadolu. Ambos passaram 163 horas presos nos escombros antes dos resgates no domingo à noite.


Fonte: O GLOBO