Comitiva do governo federal vai se reunir com lideranças locais para reforçar segurança na regiã

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, desembarcou no Amazonas, nesta segunda-feira (27), para visitar o Território Indígena Vale do Javari. Marcada por conflitos como tráfico de drogas e pesca ilegal, a reserva fica na região onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram mortos no ano passado.

Sonia Guajajara e representantes dos Ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos desembarcaram no Aeroporto Internacional de Tabatinga. De lá, a comitiva seguiu em um avião anfíbio para Atalaia do Norte, município onde está localizado a maior parte do Vale do Javari.

Além de integrantes do governo federal, também participam da visita o secretário de Estado de Segurança Pública (SSP), general Carlos Alberto Mansur; a secretária de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejusc), Jussara Pedrosa, e o atual diretor-presidente da Fundação Estadual do Índio (FEI), Vandelerlei Alvino.

O encontro foi planejado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). O principal objetivo é fortalecer a atuação das forças de segurança para garantir a proteção dos direitos indígenas, socioambientais e também de servidores que atuam na fiscalização do território.


Malocas de indígenas Korubo no Vale do Javari, no Amazonas. — Foto: Reprodução/Univaja

Na quinta-feira (27), um funcionário do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Vale do Javari e um auxiliar foram amarrados e assaltados por piratas, próximo à sede de Atalaia do Norte (AM). Os criminosos levaram uma embarcação, dois motores e mais de 3 mil litros de combustível.

Em depoimento à Polícia Civil, as duas vítimas informaram que foram abordadas pelos criminosos na região conhecida como Lago Sacambu. Eles contaram que foram amarrados, vendados e obrigados a ficar em uma área de mata na margem do território peruano.

O caso segue em investigação. Até o momento, ninguém foi preso.

Caso Bruno e Dom

Segunda maior reserva indígena do país, o Vale do Javari teve o grave problema da insegurança exposto após os assassinatos de Bruno e Dom. Eles desapareceram quando faziam uma expedição para uma investigação na Amazônia, e foram vistos pela última vez no dia 5 de junho de 2022, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael.

De lá, seguiriam para Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.

Os restos mortais dos dois foram encontrados em 15 de junho. As vítimas teriam foram mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Segundo laudo de peritos da PF, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.

Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos santos”, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”, estão presos em penitenciárias federais suspeitos de cometerem os assassinatos.

Além dos três acusados, no fim de janeiro, a Polícia Federal (PF) apontou Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como "Colômbia", como o mandante dos homicídios.

Colômbia está preso desde dezembro do ano passado. Ele chegou a ser solto após pagar uma fiança de R$ 15 mil, em outubro. A prisão foi decretada novamente pela Justiça Federal após ele descumprir condições impostas quando obteve liberdade provisória. Colômbia também é investigado por pesca ilegal e tráfico de drogas.

Segundo as investigações, "Colômbia" tinha relação direta com Amarildo. No processo, o Ministério Público Federal denunciou Amarildo, Oseney e Jefferson pelo assassinato das vítimas. De acordo com o superintendente, Colômbia também será indiciado.

Fonte: G1/AM