Senador afirmou que ex-presidente 'não impediu' proposta apresentada por aliado

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) confirmou nesta quinta-feira que participou de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), em dezembro do ano passado, na qual recebeu um pedido para gravar uma conversa com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

O objetivo seria criar uma situação que impedisse a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em entrevista coletiva no Senado, Marcos do Val afirmou que o suposto plano foi apresentado por Silveira e que Bolsonaro não interrompeu seu aliado.

— Não, (Bolsonaro) não impediu o Daniel.

O senador também disse que está "à disposição" da Polícia Federal (PF) para falar sobre uma suposta tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF já pediu autorização a Moraes para colher o depoimento.

— Estou à disposição, estou esperando. É inevitável. Claro que vou ter que esclarecer, lógico. Não fiz isso antes por conta de não expor o ministro Alexandre — afirmou.

Marcos do Val disse que está repensando a decisão de renunciar ao seu mandato, que chegou a ser anunciada na madrugada desta quinta.

À revista Veja, Do Val relatou que o encontro durou 40 minutos e foi recheado de cuidados, como se referir à reunião por códigos, para impedir qualquer registro da conversa. De dentro do Palácio do Alvorada, o deputado bolsonarista apresentou ao senador a ideia de gravar Moraes para depois incriminá-lo. Disse que Do Val seria um "herói nacional" se embarcasse no plano.

O parlamentar relata que Bolsonaro afirmou na reunião que já havia acertado o suporte técnico à operação com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Seriam utilizadas escutas de operações especiais. O presidente da República disse a Do Val que a armadilha "iria salvar o Brasil".

A escolha pelo nome do senador se deu pela sua relação de mais de uma década com o ministro do STF e do TSE. Do Val não respondeu prontamente e pediu a Bolsonaro e Silveira para pensar sobre o pedido.


Fonte: O GLOBO