Ponteiros do relógio foram movidos para 100 segundos para a hora do fim do mundo, recorde de proximidade da aniquilação

A humanidade está mais perto do que nunca de uma aniquilação planetária. Ao menos é isso que indica o Relógio do Juízo Final, que simbolicamente marca o quão próximo se está do fim dos tempos. Diante da guerra na ucrânia, tensões nucleares e mudanças climáticas, esta semana os ponteiros foram movidos de 100 segundos para 90 segundos para o apocalipse.

Esse é o mais próximo que o relógio já esteve da meia-noite, hora do fim do mundo. Antes, o recorde havia sido 100 segundos. Os ponteiros do relógio ficaram nessa posição por dois anos, desde 2020. Mas segundo o Boletim dos Cientistas Atômicos, responsável pelo simbólico relógio, a situação do mundo piorou.

"Estamos vivendo em uma época de perigo sem precedentes, e o Relógio do Juízo Final reflete essa realidade. 90 segundos para a meia-noite é o mais próximo que o Relógio já foi definido para esse horário, e é uma decisão que nossos especialistas não tomam com um ânimo leve", disse Rachel Bronson, PhD, presidente e CEO do Boletim, em comunicado.

Diferente de outros anos, além da versão em inglês, o comunicado foi divulgado com versões em ucraniano e russo. Os novos idiomas aparecem em um contexto em que o avanço dos ponteiros acontece, segundo o boletim, em grande parte por conta do confronto entre Rússia e Ucrânia, responsável por elevar o risco de um ataque nuclear.

“A guerra da Rússia contra a Ucrânia levantou questões profundas sobre como os Estados interagem, corroendo as normas de conduta internacional que sustentam respostas bem-sucedidas a uma variedade de riscos globais. E o pior de tudo, as ameaças veladas da Rússia de usar armas nucleares lembram ao mundo que a escalada do conflito – por acidente, intenção ou erro de cálculo – é um risco terrível", disse o comunicado.

O comunicado também aponta que a aproximação da meia-noite acontece em função da crise climática, avanço das tecnologias e ameaças biológicas, a exemplo da Covid-19. Mary Robinson, presidente do The Elders e ex-alta comissária da ONU para os direitos humanos, afirma que o relógio soa como um alarme, que pede a necessidade de políticas de uma população que está perto do colapso.

"O Relógio do Juízo Final está soando um alarme para toda a humanidade. Estamos à beira de um precipício. Mas nossos líderes não estão agindo em velocidade ou escala suficientes para garantir um planeta pacífico e habitável. 

Desde a redução das emissões de carbono até o fortalecimento dos tratados de controle de armas e o investimento na preparação para uma pandemia, sabemos o que precisa ser feito. A ciência é clara, mas falta a vontade política. Isso deve mudar em 2023 se quisermos evitar uma catástrofe", disse no comunicado.

Quem decide o avanço dos ponteiros?

O Boletim dos Cientistas Atômicos foi fundado em 1945 por Albert Einstein, J. Robert Oppenheimer e outros cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan. 

Eles foram responsáveis por ajudar a desenvolver as primeiras armas atômicas. Como uma forma de não serem indiferentes às consequências do seu trabalho, passaram a trabalhar pra informar sobre possíveis ameaças à Humanidade.

Já o Relógio do Juízo Final foi criado em 1947 para mostrar o quão perto a humanidade está da aniquilação. 

A fundação da ferramenta aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial, na época faltando sete minutos para a meia-noite. De lá para cá, o relógio chegou a ficar a 17 minutos do horário do apocalipse depois do fim da Guerra Fria, em 1991. Inicialmente a ferramenta media apenas ameaças nucleares, mas desde de 2007 incluiu mudanças climáticas em seus cálculos.

A cada ano, a junta de ciência e segurança do Boletim e seus patrocinadores, que inclui 10 ganhadores do prêmio Nobel, decidem como reposicionar os ponteiros do relógio.

Previsão do futuro

Diferente do que se imagina, o Relógio do Juízo Final não é uma ferramenta para prever o futuro. No portal do Boletim dos Cientistas Atômicos, eles comparam as previsões a uma ida ao médico, a partir de dados de possíveis ameaças e dos esforços de líderes, juntamente com ações da própria população e de instituições, para reverter danos. 

O posicionamento dos ponteiros reflete o que poderia acontecer caso medidas não fossem tomadas para reverter as condições atuais do planeta.

Últimas posições do relógio

  • 2012 - 5 minutos
  • 2015 - 3 minutos
  • 2017 - 2,5 minutos
  • 2018 - 2 minutos
  • 2020 - 100 segundos
  • 2023 - 90 segundos

Fonte: O GLOBO