Responsáveis pela segurança do Legislativo afirmam que receberam informes de inteligência no domingo apontando risco de invasão

Os policiais legislativos responsáveis pela segurança do Senado no último domingo relataram, em depoimentos, que os terroristas invadiram o Congresso Nacional utilizando bombas caseiras, estilingues com bolas de gude, fogos de artifício e rojões. Eles afirmam ainda que o grande número de invasores e a violência adotada por eles inviabilizou a tentativa de contê-los.

Os depoimentos foram prestados no domingo à Polícia Legislativa, no momento em que os policiais do Senado prenderam em flagrante 38 invasores. Um dos relatos foi de Gilvan Viana Xavier, coordenador-geral da Secretaria de Polícia do Senado Federal.

Ele conta que, antes dos atos terroristas, havia recebido informes de inteligência indicando que cerca de 5 mil manifestantes sairiam do quartel-general do Exército em direção ao Congresso Nacional com intenção de invadir o prédio. De acordo com seu depoimento, os manifestantes romperam os bloqueios da Polícia Militar do DF por volta das 15h e avançaram em direção ao Legislativo.

"Os manifestantes utilizaram pedras, paus, estilingues, grades para atacar os policiais legislativos no local, bem como destruir os obstáculos de acesso", relatou. Prosseguiu Xavier: "Em face do número dos manifestantes, bem como a violência empregada não foi possível impedir a invasão do Senado Federal".

Um dos invasores preso nos atos de domingo, Marcos dos Santos Rabelo, chegou a confirmar em depoimento que se dirigiu do QG do Exército à Praça dos Três Poderes munido de "pedaços de pau, um estilingue, 5 bolinhas de gude e 5 chumbadas de anzol (espécie de utensílio de chumbo usado para pescarias)".

No depoimento, Xavier conta que os invasores agiram com agressividade e entraram quebrando tudo que viam em sua volta. Disse que os policiais legislativo tiveram que recuar devido à " violência da turba".

"Os manifestantes mais agressivos invadiram e foram avançando internamente quebrando vidraças, espelhos, portas, câmeras, pórticos de metal, móveis, lixeiras, extintores de incêndio, obras de arte, quadros, portal de detector de metais, raio-x", contou. "Parte desses objetos foram arremessados contra os policiais legislativos presentes no local, bem como foram utilizadas bolas de gude por meio de estilingues, fogos de artificio, rojões e bombas caseiras", afirmou.

Diante desse cenário, os policiais recuaram até formar uma barreira pouco após o plenário do Senado. Isso deixou o caminho livre para que os invasores ingressassem no plenário e iniciarem atos de depredação lá dentro.

Outro policial legislativo, Caio Cesar Alonso Grillo, disse que tentou negociar com os invasores a saída deles, mas acabou tendo que fugir diante da violência adotada por eles. "Tentou acalmar os ânimos dos manifestantes, estabelecendo técnicas de negociação e espelhamento, mas que viu-se obrigado a abandonar às pressas o local pela saída dos fundos quando a parte mais agressiva da turba, aquela com a qual não haveria diálogo, estourou a porta de vidro principal e ingressou no Plenário do Senado Federal", relatou.

Uma equipe de policiais, então, foi acionada para entrar no plenário e desocupar o local. Encontraram lá cerca de 40 manifestantes, que estavam realizando atos de depredação.

Grillo conta que a equipe retornou ao plenário e "encontrou o local amplamente depredado, com diversas barricadas feitas pelos manifestantes, além de computadores, mesas, cadeiras e dispositivos de registro de frequência danificados".

"Tais manifestantes gritavam palavras de ordem tais como 'intervenção militar', 'nossa bandeira jamais será vermelha', 'um bandido nunca será o presidente', 'Lula ladrão'", relatou. "O depoente e diversos outros colegas policiais tentaram negociar a saída dos manifestantes do recinto, entretanto eles se mantiveram irredutíveis, argumentando que só sairiam mortos ou quando o Exército interviesse", prosseguiu no depoimento.

Diante da situação, o coordenador da equipe deu voz de prisão aos 38 invasores que estavam no local, conduzindo todos eles à delegacia de Polícia do Senado.


Fonte: O GLOBO