Crime aconteceu em outubro de 2022. A mulher presa era companheira do suspeito de matar o ex-líder comunitário e, segundo a polícia, estava na casa da vítima no momento do assassinato

Uma mulher, suspeita de envolvimento na morte do ex-líder comunitário Francisco Ribeiro Reis, de 50 anos, foi presa, em Manaus. A vítima foi assassinada em outubro de 2022 por um rapaz com quem mantinha um relacionamento amoroso. O suspeito morreu em uma troca de tiros com policiais.

A informação sobre o envolvimento de uma mulher no crime foi divulgada pela Polícia Civil, na manhã desta terça-feira (24). As investigações apontam que a mulher era companheira do autor do assassinato, Lander de Souza Diniz Júnior, de 18 anos, conhecido como "Júnior Menor ".

O rapaz confessou o crime durante uma live nas redes sociais. De acordo com a polícia, a companheira dele, Mikaelen Ferreira de Almeida, de 20 anos, estava na casa da vítima e ajudou no crime.

Policiais da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) prenderam Mikaelen, na segunda-feira (23). A delegada Débora Barreiros, delegada adjunta da unidade, informou, nesta terça-feira (24), que a prisão temporária busca entender porque a mulher estava na casa da vítima.

"A gente consegue escutar a voz dela na live. Ela ficou cerca de 55 minutos na casa da vítima e sai com o companheiro. A vítima foi morta, ela é testemunha ocular, e a gente acredita que, pela violência do caso, pelo tamanho da vítima, seria impossível que ele tivesse cometido esse crime sozinho", destacou.

Segundo a delegada, após o crime, o casal saiu acompanhado, e gastou dinheiro da vítima em um supermercado. "Inclusive, ela confirma isso", ressaltou.

Depois da ida ao supermercado, os dois teriam se escondido em um sítio de familiares. "Quando tem conhecimento de que a polícia estava procurando, ele se arma de uma arma de fogo, isso quem conta é ela mesmo, e na chegada da polícia, ele tenta investir contra os policiais. Nesse confronto, ele acaba sendo alvejado", afirmou a delegada.

Conforme Débora Barreiros, após a morte do companheiro, a mulher forja ser vítima. "Disse que estava sendo mantida em cárcere privado, chora, é conduzida para a delegacia na condição de vítima", relembra.

Mesmo após a versão dada por Mikaelen Ferreira, a polícia continuou apurando o caso. As investigações apontam que ela entrou esteve na cena do crime. "Entra calmamente na casa da vítima, passa quase um hora e sai na companhia do autor", disse a delegada, após a análise de câmeras de segurança.

Débora Barreiros confirmou que a vítima devia dinheiro ao casal.

O crime

Francisco foi morto na madrugada do dia 16 de outubro, no bairro Coroado, Zona Leste de Manaus.

Lander de Souza Diniz Júnior confessou o assassinato em uma live.

O suspeito, que teria um relacionamento com a vítima, também morreu após trocar tiros com policiais, segundo a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).

Minutos antes do crime, o suspeito fez uma live, em seu perfil pessoal, segurando uma tesoura e falando palavras desconexas. "Eu vou fazer o mau para uma pessoa que não tem nada a ver com a minha situação. Olha aqui, ao vivo, para todo mundo ver que o 'bagulho é doido'", disse o suspeito.

Em seguida, Lander mostrou o ex-líder comunitário, que estava sentado na cama, com um lençol cobrindo o corpo. O suspeito também fez uma série de perguntas à vítima.

Aparentemente desorientado, Francisco respondeu ter sido presidente do bairro Coroado. A vítima tentou levantar da cama, mas foi ameaçada por Lander.

Após o homicídio de Francisco, o suspeito fez outra live confessando que teria assassinado o ex-líder comunitário por conta de uma dívida.

"Eu matei o cara mesmo. [...] Sabe por que eu matei ele? Porque ele me deve e quem deve tem que pagar com a vida. [...] eu faço a justiça com as minhas próprias mãos", afirmou Lander.

Na live, o rapaz disse que teria emprestado R$ 4 mil para a vítima.

"Eu também sou bandido e quem deve não teme, não. Eu dei um prazo de dois meses para ele pagar e não pagou porque não quis", disse.

Depois de receber comentários na live, o rapaz falou que não temia morrer. Ele fugiu após o crime.

A família da vítima contou que o crime ocorreu depois que os dois voltaram de uma festa de aniversário.

De acordo com a polícia, Francisco foi morto com golpes de tesoura. O corpo do ex-líder comunitário foi encontrado por uma irmã que morava com ele, por volta das 5h30 do dia 16 de outubro de 2022, um domingo.

Suspeito morreu em troca de tiros, segundo a PC

Na manhã do dia seguinte, uma segunda-feira, a Polícia Civil informou que o suspeito morreu após trocar tiros com policiais Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core).

De acordo com a polícia, na tarde de domingo, uma equipe do Core encontrou "Júnior Menor" escondido em uma área de matam na Comunidade Canaã, Km 41 da BR-174, no Amazonas.

"Ao perceber a chegada do Core, o suspeito, em uma tentativa de fuga, trocou tiros com os policiais, sendo atingido", disse a PC-AM.

O rapaz foi levado para um hospital na Zona Norte de Manaus. "Mas não resistiu aos ferimentos e faleceu na unidade de saúde no início da noite deste domingo", finalizou a polícia.

Fonte: G1/AM