Pelo menos 86 entidades pediram reunião para discutir saída de Josué Gomes

Pelo menos 86 sindicatos, dos 112 filiados à Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp), marcaram para a próxima segunda feira, uma assembleia geral. Segundo alguns representantes desses sindicatos, o objetivo é discutir os rumos da entidade e, se for o caso, até propor uma mudança de comando na Fiesp, com uma substituição do atual presidente, Josué Gomes da Silva.

Representantes de sindicatos que assinaram a convocação dizem que desde outubro há um movimento, que seria capitaneado pelo ex-presidente da entidade, Paulo Skaf, para voltar ao comando da Fiesp. Skaf ficou 18 anos no comando da entidade.

Há dois meses, houve uma tentativa de marcar essa assembleia, mas o próprio Josué não a convocou. Desta vez, entretanto, mais sindicatos, especialmente os menores, assinaram o pedido de assembleia.

O contexto desta disputa é político, diz um representante de sindicato, sem se identificar. Durante a campanha para a eleição presidencial, Josué Gomes, que nunca declarou voto, divulgou um manifesto pela democracia, o que teria sido interpretado como apoio à campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Skaf era mais próximo do candidato Jair Bolsonaro e chegou manifestar seu apoio no segundo turno.

Mesmo com a vitória de Lula, a rusga continuou. Josué é filho de José Alencar, que foi vice de Lula nos mandatos anteriores. Ele morreu em 2011.

Em outubro, os mesmos sindicatos vinham pressionando pela renúncia de Josué. Segundo eles, havia dificuldades de interlocução com o novo presidente da entidade. Em outubro, 76 entidades já tinham assinado um pedido de assembleia, que, entretanto, não foi convocada por Josué.

Se há intenção do lado de Skaf em cooptar sindicatos menores, sem muita representatividade, para engrossar o coro contra o atual presidente da Fiesp, do lado de Josué também há movimento. Diante das reclamações de falta de interlocução, ele vem conversando com diretores de sindicatos para ouvir suas queixas e reinvindicações, além das reuniões quinzenais que acontecem na entidade.

Também há questionamento sobre se a convocação da assembleia cumpriu o prazo mínimo estipulado pelo estatuto da Fiesp. Isso abriria um flanco para que a reunião fosse contestada juridicamente e até mesmo cancelada. A Fiesp não comenta o assunto.

O nome de Josué está cotado para ser o titular da pasta do Ministério da Indústria de Comércio (MDIC), embora ainda não esteja confirmado. Se de fato ele aceitar o convite de Lula, sua saída para um cargo no primeiro escalão do governo encerraia a disputa da Fiesp.


Nesta quarta, num evento para divulgação do Anuário de Mercados Ilícitos da Federação, Josué não compareceu. Segundo representantes da Fiesp, ele está gripado, mas já testou negativo para a Covid-19.


Fonte: O GLOBO