Para discutir os desafios de empreender no Brasil, especialmente em setores predominantemente masculinos, quatro executivas com alguma experiência no assunto participaram do painel “Ganhando espaço

Porto Velho, RO - Mesmo à frente de numerosos negócios, as mulheres continuam enfrentando desafios estruturais no caminho rumo ao sucesso. Em jornadas empreendedoras, esse desafio costuma ser ainda mais visível. Exemplo disso está no fato de o Brasil ser o sétimo país com mais mulheres empreendedoras do mundo, mas continuar dando braçadas para superar lacunas no que se refere à igualdade de gênero e também salarial.

Para discutir os desafios de empreender no Brasil, especialmente em setores predominantemente masculinos, quatro executivas com alguma experiência no assunto participaram do painel “Ganhando espaço: Elas nos setores predominantemente deles” durante o evento “Agora é que são Elas”, da EXAME em parceria com o Movimento Aladas.

Segundo Jéssica Rios, fundadora da Blackwin, rede de investidoras anjo formada por mulheres negras, a inspiração para a criação do negócio veio de um incômodo pessoal. “Sempre acreditei que o paradigma do Brasil, um país predominantemente negro e tão extenso e que ao mesmo tempo tinha esses povos tão mal representados jamais fez sentido”, conta.

Os números que comprovam a desigualdade de gênero no setor deram fôlego à ideia de fundar uma rede dedicada a incentivar a união de mulheres ao assinar cheques para startups promissoras. “Apenas 16% do mercado de investimento anjo é composto por mulheres, e apenas 3% por pessoas negras”, disse.

Além de Rios, também participaram do painel Heloisa Passos, CEO do estúdio de desenvolvimento de games Trexx; A leiloeira Mariana Batochio; Ingrid Barth, COO do Linker e Fabiana Tchalian, fundadora da startup Água na Caixa.

Como empreender em setores masculinos

Leiloeira desde 1999, Batochio afirmou que não teve qualquer benefício por ser mulher em seu ramo, tradicionalmente masculino — segundo ela, atualmente apenas 30% do segmento é representado por mulheres. “Lembro de ficar muito nervosa em público no passado e por isso investi em educação, em mim mesma e em melhorar profissionalmente”, lembra.

Para ela, a busca por melhoria contínua é a resposta mais óbvia para driblar os desafios de gênero no empreendedorismo. “Somos o que somos no final do dia, e isso depende de onde queremos chegar e o quanto investimos em nós mesmas e nos dedicamos em ser melhores”, conclui.

Já Barth afirma que a resposta está em não se deixar de abalar pelos “nãos” ao longo do caminho, tentando considerar apenas os pontos positivos da jornada. “Será difícil e serão muitos nãos”, brinca. “Mas tente focar nos “sins” e nas oportunidades que surgem daí”, diz.

A empreendedora, que há 1 ano vendeu sua startup para a Omie em transação de R$ 120 milhões, explica que liderar negócios em setores masculinos (como o financeiro) também incide num desafio constante por evitar a masculinização.

Em comum, todas as empreendedoras reconheceram a existência de determinadas habilidades essenciais em mulheres e que colaboram para um bom desempenho no mundo dos negócios. Entre elas a ousadia, a liderança compreensiva, a visão estratégica de longo prazo e a capacidade de realizar muitas tarefas simultaneamente.

Para este último ponto, porém, Barth recomenda a busca por um equilíbrio para evitar a exaustão. “É muito bom ser multitarefa, eu particularmente adoro. Mas desde que sejam por atividades que despertam interesse e não o cansaço”, disse.

Fonte: Portal CM7