Cristiano Gomes da Silva, de 45 anos, está foragido. Falsamente, ele falava em nome de entidades de matriz africana para fazer ameaças e abusar sexualmente de vítimas, segundo a polícia

Um líder religioso foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal por violação sexual mediante fraude e estupro contra fiéis em seu templo, que se dizia de matriz africana. Segundo as investigações, Cristiano Gomes da Silva, de 45 anos, cometia os crimes em uma sala isolada, onde prometia curas divinas e fazia falsas ameaças em nome de entidades. A Justiça já expediu um mandado de prisão preventiva contra ele na última sexta-feira (25), mas o suspeito segue foragido.

O caso foi investigado pela 18ªDP, de Brazlândia. O Ministério Público do Distrito Federal também já apresentou denúncia contra o suspeito, tornando-o réu. De acordo com os policiais, pelo menos quatro mulheres teriam sido vítimas de Cristiano; após uma primeira denúncia, outras três se manifestaram dizendo ter passado por situações semelhantes.


Cristiano é procurado pela polícia. Líder religioso é suspeito de estupro e abuso sexual — Foto: Divulgação

O inquérito narra que ele dizia estar cumprindo ordens de entidades do Candomblé durante um "ritual de limpeza espiritual" e desvirtuava o rito original com falsas ameaças, utilizando-se da fé daquelas mulheres. Dizia, por exemplo, que um punhal atravessaria o coração das pessoas que as vítimas mais amavam, através das entidades, caso não praticassem os atos sexuais com ele.

– Apuramos que durante as sessões ritualísticas, principalmente de "limpeza espiritual", esse líder religioso, se prevalecendo do fato de a vítima ser fiel daquela religião, teria desvirtuado os procedimentos e, com isso, levado a vítima para uma determinada "sala de entidades". Lá fazia ameaças prevendo danos fantásticos, como se as entidades fossem praticá-las – explicou o delegado Mozeli da Silva. – Com esse pretexto, ele conseguia convencer a vítima a se submeter aos procedimentos libidinosos, inclusive relações sexuais.

A polícia afirma que divulga nome e imagem do suspeito, foragido, por conta do risco de que ele volte a cometer crimes da mesma natureza ou que ele fuja do estado. De acordo com o delegado, Cristiano, mesmo após ter tido a prisão decretada, publicou em suas redes sociais anúncios de um evento religioso promovido por ele no fim de semana, que acabou cancelado.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa do réu.


Fonte: O GLOBO