O vírus chikungunya, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, circula com mais força no Brasil do que em qualquer país das Américas e sua manifestação pode causar sequelas incapacitantes ou mesmo levar à morte.

O Instituto Butantan está recrutando adolescentes de 12 a 17 anos para testes com a candidata a vacina contra a Chikungunya em nove cidades do país. O estudo brasileiro tem como objetivo avaliar a segurança e imunogenicidade da vacina em 750 jovens que vivem em áreas onde a doença é considerada endêmica.

O vírus chikungunya, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, circula com mais força no Brasil do que em qualquer país das Américas e sua manifestação pode causar sequelas incapacitantes ou mesmo levar à morte.

No Brasil, o ensaio clínico de fase 3 está sendo conduzido em centros de pesquisa localizados em Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Recife (PE), Laranjeiras (SE), São Paulo (SP) e São José do Rio Preto (SP).

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil tem a maior incidência de casos de Chikungunya das Américas: ao menos 247.537 do total de 250.573 notificados nos países das Américas do Sul, Central e do Norte até 10/8 pela Plataforma de Informação sobre Saúde nas Américas (PLISA, na sigla em inglês).

Quem pode se inscrever?

Os voluntários precisam da autorização de seus responsáveis legais para participarem do estudo. Na sequência, passarão por uma triagem clínica com base no histórico médico; exame físico e testes laboratoriais.

Podem fazer parte do estudo adolescentes que tenham ou não contraído a doença anteriormente. Pessoas que fazem terapias imunossupressoras, gestantes e lactantes não poderão participar desta fase da pesquisa.

Por que é importante avaliar a vacina em jovens?

Analisar a resposta vacinal em adolescentes vai ajudar a verificar o perfil de segurança da vacina em pessoas de diferentes idades, uma vez que a doença tem um impacto considerável em quem a contrai, incluindo os mais jovens.

“Uma das sequelas atribuídas à Chikungunya são dores articulares que podem se tornar crônicas”, esclarece o gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Instituto Butantan, Eolo Morandi, um dos coordenadores do estudo clínico.

Segundo ele, os dados do estudo em adolescentes associados aos dos adultos nos Estados Unidos poderão ser suficientes para a avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em uma possível aprovação da vacina no Brasil.

“O registro concedido pela Anvisa já poderá contemplar a população adolescente no momento da aprovação”, explica.

Do que é feita a vacina contra Chikungunya?

A vacina VLA1553-321 é de vírus vivo atenuado. Vacinas atenuadas contêm o agente infeccioso vivo, mas extremamente enfraquecido e incapaz de causar a doença. Essa tecnologia é considerada segura para não infectar o imunizado e bastante conhecida, já que é usada em imunizantes contra sarampo, caxumba, febre amarela e poliomielite oral – todas usadas em crianças, jovens e adultos no Brasil.

A vacina vai proteger contra Chikungunya?

O estudo realizado nos Estados Unidos demostrou que o imunizante induz a produção de anticorpos neutralizantes na ordem de 98,9% até 28 dias após a vacinação, e mantém os níveis de anticorpos neutralizantes elevados em até 96,3%, ao longo de seis meses após vacinação.

O estudo clínico no Brasil pretende avaliar o grau de segurança e a imunogenicidade da vacina na população brasileira.

A vacinação contra Chikungunya é considerada uma estratégia eficaz no combate aos surtos no Brasil e nas Américas como um todo.


Fonte: AMPOST