Central fica no Sul da Ucrânia, em região ocupada por tropas russas

Porto Velho, RO - A maior central nuclear da Europa, a de Zaporizhia, no Sul da Ucrânia, ficou completamente sem energia elétrica depois do bombardeio russo na quarta-feira (2), que danificou as duas únicas linhas de alta tensão que ligavam a central à rede elétrica ucraniana.

A Energoatom, operadora estatal das centrais nucleares da Ucrânia, informou nesta quinta-feira (3) na rede social Telegram sobre a desconexão da central nuclear da rede elétrica ucraniana, localizada em território da Ucrânia, mas atualmente sob controle militar russo.

"Devido a bombardeios russo, ontem, 2 de novembro de 2022, as duas linhas de alta tensão restantes que conectam a central nuclear de Zaporizhia à rede elétrica da Ucrânia foram danificadas. A central perdeu totalmente a energia às 23h04, horário local [16h04 em Brasília] ", explicou a empresa. “Todos os 20 geradores foram ligados”, disse a empresa.


Por questões de segurança, os geradores a gasóleo de reserva que a central possui foram ligados.

Atualmente, Zaporizhia tem potência suficiente para atender as necessidades internas da central com apenas nove geradores a gasóleo em operação, diz a entidade. A energia pode aguentar cerca de duas semanas.

As regiões de Zaporizhia e Dnipropetrovsk são polos siderúrgicos ucranianos. Os ataques russos danificaram 40% da infraestrutura de energia da Ucrânia, disse o presidente Zelensky.

As unidades de potência número 5 e número 6, que estavam ativas, estão atualmente em processo de desativação, após os bombardeios, acrescentou Energoatom.


"Há gasóleo suficiente para manter os geradores de reserva por 15 dias se a energia na central permanecer completamente cortada. Mas a contagem regressiva começa até a perda total de energia da central".

A Energoatom acrescentou que "a capacidade da Ucrânia de garantir a segurança da central de Zaporizhia é significativamente limitada devido à ocupação russa e à intrusão na administração da central por representantes da Rosatom", organismo estatal de energia nuclear da Rússia, que assumiu o controlo de Zaporizhia.

A Energoatom adianta que Moscovo quer ligar a central nuclear à rede russa.

A Rússia não fez qualquer comentário sobre o black out à central.

Embora os seis reatores estejam desligados, eles ainda precisam de um fornecimento constante de eletricidade para manter o combustível nuclear na temperatura necessária e assim evitar acidentes.

A situação da central nuclear, a terceira maior do mundo, preocupa a Ucrânia e os países aliados, já que está localizada em uma região que foi anexada pela Rússia e onde acontecem intensos combates.

As instalações da central sofreram ataques desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

A Rússia e a Ucrânia culpam-se mutuamente pelos bombardeios e pelos danos nos edifícios da central. O órgão de vigilância nuclear da ONU tem pressionado pela criação de uma zona de proteção em torno da estação para evitar mais ataques.

Fonte: Agência Brasil